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elei??o presidencial

Foi dada a largada

Segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Última Modificação: 05/11/2018 14:13:04


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Apesar de faltar mais de um ano e meio para a eleição presidencial de 2014, os episódios políticos da semana passada deixam evidente que a corrida pelo Palácio do Planalto já começou. Na última quarta-feira, no mesmo dia em que o ex-presidente Lula lançou a presidente Dilma Rousseff à reeleição durante a comemoração pelos dez anos de governo do PT, o senador Aécio Neves (PSDB) listou da tribuna do Senado os “13 fracassos” petistas. No dia seguinte, foi a vez de o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), ser aplaudido aos gritos de “é presidente”, na abertura de um seminário para prefeitos do estado. Em meio a isso, a ex-senadora Marina Silva trabalha para tirar do papel sua nova legenda, a Rede Sustentabilidade, a tempo de viabilizar sua candidatura. Apoiando-se no favoritismo de Dilma, o PT lançou uma cartilha em que compara seus dez anos no poder com a gestão do tucano FHC, numa clara tentativa de polarizar a disputa de 2014. Nesse cenário, os petistas aglutinariam a base aliada e venderiam com mais facilidade o discurso de que são melhores gestores que o PSDB. A tática, porém, não interessa aos concorrentes, que, com um número maior de candidatos, tornariam a disputa mais competitiva, forçando um segundo turno. Exemplo disso foi a recente eleição para prefeito de Curitiba, que se tornou muito mais acirrada com a entrada de Ratinho Jr. (PSC) na disputa com Gustavo Fruet (PDT) e Luciano Ducci (PSB). Veja a seguir como devem se portar os principais pré-candidatos até outubro do ano que vem:

Há dois anos no Senado, foi somente na última semana que Aécio assumiu o papel de opositor, que vinha sendo exercido quase que de forma isolada pelo paranaense Alvaro Dias (PSDB). “O Brasil não foi descoberto em 2003. A grande verdade é que, nestes dez anos, o PT está exaurindo a herança bendita que o governo FHC lhe legou”, disse o senador mineiro em discurso na quarta-feira. Para o cientsita político da UnB Antônio Octávio Cintra, ainda que tardiamente, é fundamental que o PSDB pare de rejeitar e se envergonhar dos avanços que o próprio partido conseguiu na gestão de Fernando Henrique Cardoso. “O partido assumiu a tese petista da herança maldita. Basta ver que o José Serra teve o desplante de dizer que daria continuidade ao governo Lula na eleição de 2010”, critica. “O discurso do Aécio está resgatando o governo tucano, de que o Plano Real e a contenção da inflação possibilitaram toda a política social do governo Lula.” Mário Sérgio Lepre, da PUCPR, afirma que, além de esconderem o próprio passado, os tucanos não aprenderam como fazer oposição, ao contrário do PT durante o governo FHC. “Justamente por isso, com o Aécio adotando esse discurso só agora, 2014 está muito difícil para o PSDB. Mas é preciso criar uma identidade em algum tucano, no caso o próprio Aécio, para 2018”, projeta.

Marina Silva (sem partido)

O saldo de Marina na eleição presidencial de 2010 é de 19,6 milhões de votos. Com o respaldo de quase 20% dos votos válidos em todo o país, a ex-senadora é tida desde a última eleição como virtual candidata para 2014. De lá para cá, porém, ela acabou deixando o PV para “manter a coerência e seguir em frente”, perdendo espaço dentro dos grandes partidos. A saída foi fundar uma nova legenda, a Rede Sustentabilidade, que não é nem oposição nem situação, segunda ela. O fato de a legenda ainda estar em fase embrionária deve ser justamente o maior desafio para a candidatura de Marina. Além de ter de correr contra o tempo para formalizar o partido até outubro deste ano para poder concorrer em 2014, será preciso conseguir a adesão de parlamentares federais a fim de garantir tempo de televisão à legenda. “A Marina tem um espólio razoável e a sua presença na eleição vai causar, com certeza, um segundo turno”, projeta Mário Sérgio Lepre, cientista político da PUCPR. Do ponto de vista de propostas, Lepre entende que o discurso da ex-senadora é bastante moderno, porém cercado de incertezas em relação à sua aplicação prática. “A pauta dela vai além da sustentabilidade. Foge do arroz e feijão, da política fisiologista e de troca de favores que marca o Brasil. Mas resta saber como isso se daria na prática.”

Dilma Rousseff (PT)

A presidente tem a seu favor o poder do cargo, que, na maioria das eleições, tem garantido a reeleição pelo país afora. Mais do que isso, a petista tem como principal trunfo a ascensão econômica de milhões de brasileiros – principal fator levado em conta numa disputa presidencial, de acordo com analistas políticos. “A população vota pelo bem-estar, pelo seu poder de consumo. Ela está satisfeita porque está dando para financiar seu carro. Enquanto houver essa satisfação, não importa se o PIB não cresce”, afirma Mário Sérgio Lepre, cientista político da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). Antônio Octávio Cintra, cientista político da Universidade de Brasília (UnB), segue na mesma linha. Na avaliação dele, apesar de a taxa de desenvolvimento do país estar estacionada, as chances de Dilma são enormes porque não foram afetados o emprego e a renda. Justamente pelo fato de o cenário eleitoral ser favorável, para o PT é interessante polarizar a disputa com o PSDB . “Nós não herdamos nada. Nós construímos”, afirmou Dilma na semana passada, contrariando o tom do discurso do início do seu governo, quando reconheceu avanços na gestão FHC. “Isso esvazia candidaturas de aliados ou ex-aliados. Além disso, evidencia que o adversário a ser batido é apenas o PSDB”, diz Cintra.

Eduardo Campos (PSB)

No segundo mandato como governador de Pernambuco, Campos já não consegue esconder mais o desejo de disputar a Presidência no ano que vem. Prova disso é que, desde já, vem tentando derrubar a polarização do pleito entre PT e PSDB. “O país não precisa dessa velha rinha, não precisa discutir coisas que não dialogam com a pauta do povo. A população está preocupada com um Brasil que não cresceu como se esperava. Não se enganem, porque há uma mudança efetiva ocorrendo na vida brasileira”, disse o socialista na semana passada. O desejo de Campos, no entanto, deve encontrar grande resistência no fato de ele estar intimamente ligado ao PT, seja na questão política ou na aplicação das políticas públicas no estado que governa. “Ele terá muitas dificuldades de se mostrar como um real candidato de oposição. Por que os eleitores votarão nele, se ele tem o DNA governamental? Melhor, então, votar na Dilma, vão pensar”, argumenta o cientista político Antônio Octávio Cintra, da UnB. Campos também deverá ter problemas para difundir seu nome por outras regiões do país. Além disso, terá de disputar votos em seu reduto eleitoral com o PT, que tem uma base fortíssima no Nordeste. Se realmente Campos se lançar candidato, Cintra avalia que ele pode aproveitar sua influência com o meio empresarial de São Paulo para defender mudanças na economia do país, que já não vai tão bem.

Fonte: gazeta

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