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Brasileiro poupa menos em 2014

Quinta-feira, 24 de julho de 2014

Última Modificação: 05/11/2018 13:44:46


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Depósitos em poupança e fundos de investimento tiveram forte queda no primeiro semestre, em meio à desaceleração da renda e o avanço do endividamento

O brasileiro está poupando menos em 2014. É o que sugerem os números da caderneta de poupança e dos fundos de investimento, aplicações que estão entre as mais acessíveis ao pequeno investidor. Somadas, as captações líquidas (depósitos menos resgates) dessas duas modalidades caíram de R$ 119 bilhões no primeiro semestre de 2013 para apenas R$ 11,5 bilhões no mesmo período deste ano.

De janeiro a junho, a caderneta captou R$ 9,6 bilhões, segundo o Banco Central. O valor, 38% menor que o do mesmo período de 2013, é também o mais baixo para a primeira metade do ano desde 2011. O resultado dos fundos de investimento foi pior. A captação líquida caiu de R$ 103,2 bilhões para R$ 1,9 bilhão, o montante mais baixo dos últimos 12 anos, conforme a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).

Essa perda de fôlego pode estar relacionada, em parte, a uma migração de recursos rumo às Letras de Crédito Imobiliário (LCIs) e Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs), que vêm ganhando popularidade, e rumo a títulos do Tesouro Direto, que ficaram mais atraentes com a alta da taxa básica de juros. Esse movimento, no entanto, não foi suficiente para compensar a retração dos depósitos em poupança e fundos.

À parte essa possível migração, a principal razão para o brasileiro estar guardando menos dinheiro parece estar na própria estagnação da economia, que registra desaceleração no mercado de trabalho, inflação no teto da meta e famílias bastante endividadas.

Para Luciano Nakabashi, professor da Faculdade de Economia e Administração da USP de Ribeirão Preto, o principal obstáculo à poupança está na perda de ritmo da renda dos trabalhadores – que ainda avança, mas cada vez mais devagar. “A própria geração de emprego formal está perdendo força”, observa.

Marcos Wagner da Fonseca, professor de Finanças da UFPR, destaca a questão do endividamento, que suga recursos que antes poderiam ser poupados. “Qualquer desaceleração econômica tende a reduzir o consumo e a poupança. Desta vez há um fator adicional, que é o fato de as famílias estarem muito endividadas. Elas estão dando prioridade ao pagamento de dívidas”, diz.

O dado mais recente do Banco Central indica que, em março, os brasileiros deviam o equivalente a 45,73% da renda anual, pouco abaixo do recorde do mês anterior (45,83%). Segundo uma pesquisa da Confederação Nacional do Comércio (CNC), hoje 63% das famílias têm dívidas. É o maior índice desde janeiro, e não deve cair tão cedo. “Como não há melhora à vista no cenário econômico de curto prazo, endividamento e inadimplência tendem a piorar nos próximos meses”, diz o economista Bruno Fernandes, da CNC.

Fundos perderam R$ 42 bilhões em um ano

A baixa captação dos fundos de investimento no primeiro semestre foi uma notícia até positiva se comparada às fortes perdas que eles tiveram na segunda metade do ano passado. Naquela ocasião, o aumento da taxa Selic e a volatilidade da Bolsa de Valores provocaram desvalorização no patrimônio de vários fundos, levando investidores a resgatar suas aplicações. Nos meses de janeiro e abril deste ano, os saques voltaram a superar os depósitos. O acumulado dos últimos 12 meses é bastante negativo, com saída de R$ 41,7 bilhões.

“Muitos investidores acabaram migrando para outros produtos naquele momento. E, em 2014, a indústria de fundos acabou carregando ainda as consequências do que aconteceu em 2013”, diz Carlos Massaru, vice-presidente da Anbima. “Além disso, é natural que um crescimento menor da economia tenha reflexos em uma indústria que está ligada ao ato de poupar, de guardar dinheiro. As pessoas eventualmente precisam usar o dinheiro que está aplicado para fazer jus a seu orçamento.”

Fonte: gazeta

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