Sexta-feira, 13 de novembro de 2015
Última Modificação: 04/01/2017 16:38:56
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Enquanto profissionais de saúde investigam o surto de casos de microcefalia em Pernambuco, mais estados do Nordeste registram aumento de notificações da doença. Em um período de 20 dias, entre outubro e novembro, foram 141 casos registrados em Pernambuco. O Rio Grande do Norte sinalizou que, desde agosto, foram identificadas 22 ocorrências. Os números são equivalentes aos registros de microcefalia do Ministério da Saúde para todo o país durante um ano. Segundo dados da pasta, entre 2010 e 2015, a média foi de 154 casos de microcefalia no Brasil por ano.
Para o neurocirurgião pediátrico do Hospital Pequeno Príncipe André Malheiros, há de se considerar a subnotificação, já que os médicos não são obrigados a informar aos órgãos de saúde sobre o nascimento de crianças com essa malformação. “Em qualquer UTI neonatal a incidência é alta, mas não se notifica a microcefalia, apenas a causa da cirurgia.”
O médico explica que a doença pode ser provocada por fatores genéticos ou ambientais, como doenças que afetam a mãe (veja infográfico). No caso do surto no Nordeste, a linha de investigação segue para a segunda hipóteses e engloba até o surto de zika vírus, registrado em alguns estados no começo do ano. A doença é transmitida pelo mesmo mosquito da dengue.
Conversa entre médicos alertou para surto
O aumento de casos de microcefalia em Pernambuco foi descoberto a partir de uma conversa entre mãe e filha. Intrigada com a rotina pouco usual do dia, Ana Van der Linden, neuropediatra do Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira, contou para filha, também neuropediatra do Hospital Barão de Lucena, ter atendido, em um só dia, sete casos da doença. “No mesmo dia, recebi cinco casos”, recorda Vanessa Van der Linden. Para tirar a prova, ambas ligaram para a neuropediatra Adélia Souza, que também relatou aumento de casos. “A partir daí, uma rede se formou”, conta Adélia. “Em poucos dias, já tínhamos mais de 40 casos.”
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O diretor do Departamento de Vigilância de Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, Cláudio Maierovitch, avalia que a maior dificuldade é estabelecer causa e consequência nos casos de microcefalia, sobretudo pela falta de ferramentas de diagnóstico. “A causa da malformação aconteceu há pelo menos seis meses. Esse período pode fazer com que boa parte dos detalhes seja esquecida”, afirma.
Para Malheiros, a investigação das causas da doença agora terá de unir a história da mãe e da criança, para identificar o que aconteceu. “Precisamos saber como foi o pré-natal dessa gestante, que exames ela fez”, diz. Isso é importante porque os exames que identificam infecções provocadas por vírus transmitidos por insetos geralmente são pouco específicos: funcionam no período da contaminação. Quanto mais longe o período, mais difícil identificar o agente. Se a gestante foi diagnosticada com a doença, é uma peça a se encaixar no quebra-cabeça dos médicos
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Entenda a doença
O registro de tantos casos de microcefalia, como o que está acontecendo no Nordeste, não é usual. Saiba o que é a doença:
A DOENÇA
A microcefalia é uma malformação congênita, em que o cérebro do bebê não se desenvolve de maneira adequada: o tamanho do crânio é menor que o usual para a idade e pode apresentar deformações.
CAUSA
Há duas classificações para a doença:
A primária é a transmissão genética, que é mais rara. Essa condição recessiva apresenta um caso a cada 30 ou 40 mil nascidos vivos.
O outro grupo, o secundário, são de causas como síndromes da mãe, desnutrição na gestação, toxoplasmose, rubéola, infecção por citomegalovírus e uso de drogas e álcool.
DIAGNÓSTICO
Os casos primários da doença podem ser identificados com o bebê ainda no útero. Para os secundários, a identificação normalmente ocorre após o nascimento. A condição acarreta em diferentes graus de comprometimento do desenvolvimento da criança.
TRATAMENTO
Não existe um tratamento padrão. Há casos em que não houve comprometimento tão severo do cérebro e uma cirurgia para correção de crânio é suficiente.
Por outro lado, os casos mais graves podem ter outras doenças associadas, como cardiopatias e problemas respiratórios, além de um comprometimento das funções cognitivas e desenvolvimento das crianças. A expectativa de vida também é variável pelos mesmos fatores.
NO BRASIL
A microcefalia não é uma doença de notificação obrigatória para os órgãos de saúde. Por isso, médicos acreditam que possam haver mais casos em todo o país.
Casos confirmados de microcefalia no Brasil
No Brasil, entre 2010 e 2015, foram 926 casos (uma média de 154 por estado)
No Paraná, entre 2006 e 2014, foram 55 casos
Em Curitiba, de 2010 a 2015, foram 7 casos
Em Pernambuco, em menos de 20 dias, foram 141 casos registrados em 44 cidades.
Fonte: André Malheiros, neurocirurgião pediátrico, Ministério da Saúde, SESA e secretaria municipal de saúde de Curitiba.
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Fonte: gazeta