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Notícia

Governo Municipal de Faxinal


Colírio? Apenas com receita do médico


Uso indiscriminado da substância mascara problemas oculares, causa alergias e pode levar à cegueira

Recorrer ao uso de colírios como socorro diante de qualquer incômodo à visão – ainda por cima sem indicação médica – é bastante arriscado para os olhos. Nas farmácias, colírios vasoconstritores podem ser adquiridos sem receita por preços que variam de R$ 7 a R$ 10. Com os problemas típicos do verão, como conjuntivites e olhos irritados devido ao ar seco de ambientes com ar-condicionado, os farmacêuticos percebem que a procura pelo produto aumenta. Porém, o uso indiscriminado das gotinhas, à primeira vista inofensivas, pode levar ao desenvolvimento de glaucoma, catarata, vermelhidão crônica até perda da visão.

“Todo colírio precisa ser usado com indicação de um médico oftalmologista, mesmo os lubrificantes e vasoconstritores comprados no balcão da farmácia. Alguns lubrificantes apresentam conservantes e, por mais inocentes que pareçam, podem fazer com que o usuário tenha reações alérgicas”, alerta a chefe do serviço de oftalmologia do Hospital das Clínicas do Paraná (HC), Ana Tereza Ramos Moreira.

A bula de colírios vasoconstritores – usados para conter a vermelhidão – deixa claro que pessoas que usam antidepressivos precisam manter os olhos longe do produto e que seu uso por pacientes com problemas cardíacos ou respiratórios deve ser cauteloso. “Pacientes com asma podem ter uma crise de falta de ar desencadeada e problemas cardíacos podem ser agravados com o uso destes colírios. Outros produtos com corticoides [colírios anti-inflamatórios], se usados indiscriminadamente, podem desencadear glaucoma, catarata e até perfurar a córnea”, informa a oftalmologista integrante da diretoria da Sociedade Brasileira de Oftalmologia (SBO), Juliana Bohn.

Usar colírios por conta própria pode transformar um tratamento que seria rápido em um longo período de acompanhamento médico. “O olho é muito sensível: a dor que sentimos é um sinal de alerta e uma defesa do organismo dizendo que algo não está bem ali. Ao mascará-la com um remédio, não se atingem as causas do problema, correndo o risco de agravá-lo”, diz Ana Tereza.

A oftalmologista do HC reforça que o colírio deve ser utilizado estritamente pelo tempo estipulado pelo médico: nem por um prazo maior nem por um menor, sob o risco de prejudicar o tratamento. “Descarte o produto após a utilização prescrita. Pacientes que fazem uso crônico da medicação, como aqueles que têm glaucoma, costumam comprar doses suficientes para serem usadas por um mês, depois deve haver outra prescrição”, explica a médica da SBO.

Diante de um incômodo persistente nos olhos, o paciente deve se limitar a fazer compressas com água filtrada gelada ou soro fisiológico até ser consultado por um médico. “O diagnóstico preciso aliado à prescrição de colírios gera conforto e um período de recuperação mais curto para o paciente. É preciso ficar bem claro que colírio é medicamento, sim”, observa o oftalmologista do Instituto de Oftal­­mologia de Curitiba (IOC), Leo­­nardo Tostes Poli.

Saída estética pode levar a inflamações

Após uma sessão de maquiagem em salões de beleza é possível que as clientes fiquem com os olhos um pouco avermelhados. Para diminuir o problema, um pingo de colírio é oferecido a elas. Cui­­dado. Este alerta é feito pela chefe do serviço de oftalmologia do Hospital de Clínicas, Ana Tereza Ramos Mo­­­reira.

Ela afirma que tal prática é mais comum do que se imagina e que, apesar da boa intenção, os riscos são grandes. “Não deixe pingar no seu olho aquilo que você não sabe o que é: não é possível saber por quanto tempo o colírio está aberto e se o bico foi encostado na pálpebra de outras clientes”, alerta. A saída estética pode se transformar em irritações e inflamações, que acabam com qualquer festa.

Os cuidados valem também para os usuários de lentes de contato, pois existem colírios específicos para estes pacientes. “Mui­­tos produtos possuem conservantes, que podem se impregnar na lente de contato, estragando sua qualidade e atrapalhando a oxigenação da córnea”, explica a oftalmologista integrante da diretoria da Sociedade Brasileira de Oftalmo­logia, Juliana Bohn.

Dona de uma farmácia no centro de Curitiba, Michely Algauer afirma que 90% dos colírios comprados pelos seus clientes são aqueles que não necessitam de apresentação de receita. Muitos clientes até pedem que a própria farmacêutica indique um colírio diante de algum problema ocular. “Não adianta apenas resolvermos o mal-estar da pessoa na hora, mas isso vai da ética do profissional”, pondera a farmacêutica.


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  • Por: PMFAX

Última modificação em 16/01/2012

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