Governo Municipal de Faxinal
Ajudar a pagar a faculdade dos filhos e vê-los formados. Talvez essa seja uma das maiores conquistas do metalúrgico Djalma Batista Soares, que trabalhou durante 42 anos na área para criar os três filhos. Ele se aposentou no fim de 2011, mas foram nos últimos dez anos que alcançou objetivos que, no passado, não sonhava conquistar: casa quitada, carro na garagem e filhos graduados – ele próprio não tem ensino superior.
O caso de Djalma é um retrato do que o aumento de renda tem feito nos lares brasileiros: acesso a diferentes bens de consumo e educação continuada. Assim como Soares, milhares de trabalhadores de todo o país tiveram ganho de renda, mas foi na região metropolitana de Curitiba que esse aumento foi mais expressivo.
O trabalhador da Grande Curitiba teve o maior avanço salarial na última década, quando comparada a remuneração média das sete localidades pesquisadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O crescimento de 36,4% na renda dos trabalhadores da Grande Curitiba foi o maior do país, o que coloca o salário médio da região, de R$ 1.853,50 em janeiro deste ano, na ponta das mais altas remunerações. Os dados locais são do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes).
A alta é resultado da década de crescimento industrial do estado, bastante concentrado na Grande Curitiba, da baixa taxa de desemprego da região e da desaceleração do processo de aumento de renda na Grande São Paulo, que tinha, em janeiro de 2003, o maior salário médio do país. O crescimento de apenas 6,6% fez com que a região metropolitana de São Paulo fosse ultrapassada pela de Curitiba e com que a do Rio de Janeiro encostasse na capital paulista (veja no gráfico).
Os economistas são unânimes em dizer que o aumento do rendimento em todo o país, com média na década de 19,6%, é consequência do crescimento econômico brasileiro e da descentralização da produção, bastante concentrada, até então, no entorno de São Paulo. Com o deslocamento da atividade econômica para outros polos, o aumento da renda foi um processo natural, segundo a professora e pesquisadora do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper), Regina Madalozzo.
“Quando dentro do país há regiões muito distantes uma das outras e há crescimento econômico, é natural que se acelere o crescimento de quem está na ponta de baixo. A tendência é de aproximação”, analisa a especialista.
A qualificação da mão de obra, voltada em grande parte para a produção industrial, é outro fator que eleva a renda média na região de Curitiba. O diretor-presidente do Ipardes, Gilmar Mendes Lourenço, lembra que, entre 2003 e 2010, a indústria paranaense cresceu 5,2% ao ano, contra a média nacional de 3,2% – o destaque local fica, principalmente, para a cadeia automotiva e de máquinas e equipamentos.
“Os setores que deram dinamismo à região metropolitana de Curitiba são exigentes quanto aos trabalhadores qualificados. Os salários pagos a eles puxam a média para a cima. Já o fato de passar São Paulo pode ser explicado, também, pela fadiga do crescimento industrial da região da capital paulista”, explica o economista.
Última modificação em 12/03/2012