Governo Municipal de Faxinal
Governo é resistente à sugestão de cientistas que querem uma nova estrutura modulada
Antes mesmo de a nova estação de pesquisa brasileira na Antártica começar a ser pensada, cientistas e governo divergem sobre o modelo da base.
O governo é resistente à sugestão dos pesquisadores de que a nova estrutura seja construída de forma modulada, com laboratórios, corpo principal e área de manutenção independentes entre si — o que impediria a propagação de chamas e destruição total do complexo.
Na semana que vem, em Brasília, uma reunião coordenada pela Secretaria da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar deve iniciar a discussão do projeto.
Saiba mais: uma proposta para a base brasileira
O momento é de repensar o Programa Antártico Brasileiro (Proantar), segundo o diretor do Centro Polar e Climático da UFRGS, Jefferson Simões:
— Precisamos rever quais são as metas científicas do Brasil na estação, o que queremos da estação e se ela atende à comunidade científica plenamente. Discutir com os biólogos e cientistas a infraestrutura laboratorial que eles precisam. E depois, fazer o planejamento — afirma.
Dado esse passo, o especialista defende a elaboração de um projeto que considere “a tecnologia explorada no Exterior há mais de 50 anos”.
— O pessoal não entende ainda no Brasil o que é uma base científica. Se constrói uma base e se adapta ela à ciência. Agora, a base deve ser planejada para a ciência — reivindica Simões.
Uma das soluções apontadas por ele e pelo biólogo e professor da UFRGS Francisco Aquino, que também desenvolve projetos na Antártica, é que a próxima base seja construída em módulos afastados entre si, diferentemente da Estação Antártica Comandante Ferraz, destruída por um incêndio no sábado.
— Não acredito que o plano de uma nova estação surja em seis ou oito meses, a não ser que se queira repetir o modelo anterior — diz Aquino.
Para a coordenadora de Tecnologia do Instituto Nacional de Ciências e Tecnologia Antártico de Pesquisas Ambientais, Cristina Engel, que trabalhará no projeto da nova base, a ideia já nasce morta.
— Quem fala isso é porque não é nem da área de engenharia nem da de arquitetura. Uma vez construímos um módulo isolado, no final da década de 90, lá na estação. O módulo ficou num lugar que formava um corredor de vento. Terminamos de construir num dia, no outro, as cinco toneladas foram carregadas pelo vento — exemplifica.
A estrutura dos sonhos
Outra necessidade apontada pelos cientistas, o uso de energia solar e eólica, será levada em conta pelo governo, garante a arquiteta.
— Temos estudos suficientes para usar fontes mais sustentáveis e melhorar o uso da energia. Mas jamais faria uma estação só com energia eólica e solar, por causa da segurança. O interessante é ter várias fontes de energia — propõe Cristina.
Inaugurada em 2009, a base belga Princess Elisabeth provoca suspiros na arquiteta:
— Ela é maravilhosa. Mas não sei se serviria de modelo para a Ferraz. Os materiais que eles usam são simples, compensado revestido com placas de inox.
Última modificação em 28/02/2012