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Londres - 2012

Despedida de Daiane ofusca pífia participação do time feminino da ginástica

Segunda-feira, 30 de julho de 2012

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Daiane dos Santos tem participação modesta em Londres, anuncia aposentadoria e chora de emoção

Daiane dos Santos, 29 anos, foi a figura central de uma melancólica participação da ginástica feminina do país na Olimpíada de Londres. Desde os Jogos de Atlanta, em 1996, o Brasil não ficava de fora da fase final da mo­­dalidade.

Após o fracasso da equipe (12.ª colocada, última po­­sição), a gaúcha despediu-se emocionada da seleção – um discurso que comoveu as colegas, todas visivelmente abaladas com o pífio desempenho. Ela ficou em 17.º no solo, sua especialidade – apenas as oito melhores dispu­tam a medalha.

A veterana acabou sendo a brasileira mais bem classificada na colocação individual por aparelho (solo) e não segurou as lágrimas ao dar adeus à Olimpíada e ao time nacional. “Vou cumprir meu contrato com o [clube] Pinheiros. A partir de dezembro, vou colocar ‘desempregada’ no meu currículo”, disse.

Após as apresentações de ontem, a técnica Irina Ilya­­shenko e as outras meni­­nas da equipe – Daniele Hy­­pólito (que teve uma queda no solo), Bruna Leal e as curitibanas Ethiene Franco e Harumy de Freitas – se reuniram em torno de Daiane para abraçá-la, o que causou comoção e choro.

“Temos de agradecê-la por todos esses anos de seleção. Queremos te agradecer em nome da ginástica, por tudo que você fez”, disse Daniele à companheira de seleção. A carioca, assim como o irmão no sábado, caiu durante sua apresentação no solo e amargou o 80.º lugar. “Não foram poucas turbulências. E o que passei [queda de Diego Hypólito] não foi fácil. Somos muito ligados. O dia foi difícil”, explicou.

Já Daiane fez questão de defender a novata Harumi, que também se desequilibrou durante a exibição na tra­­ve. “Ela só tem 17 anos. Foi jogada em uma fogueira. Era para se preparar para a Rio-2016”, disse. A adolescente foi convocada apenas na semana passada, de­­vido ao corte de Adrian Gomes, machucada.

O adeus da ‘Pérola Negra’ – como ficou conhecida pelos fãs – chamou atenção da imprensa internacional. Ontem à tarde, enquanto a disputa classificatória ainda era realizada, a ginasta era requisitada na Vila Olímpica por equipes de tevê europeias para falar do fim da carreira.

A trajetória da gaúcha se confunde com a melhor fase da ginástica artística nacional e a decisão de parar coincide com o momento mais crítico da modalidade. O time, que em Atenas-2004 virou sensação, envelheceu e se dividiu.

Lesões também atrapalharam a carreira da atleta – marcada no esporte pela coreografia contagiante de Brasileirinho e a criação do salto duplo twist carpado ‘Dos Santos’.

Só em 2008, Daiane passou por duas cirurgias no joe­­lho. Para completar, no ano seguinte às intervenções médicas, foi flagrada no exame antidoping por uso de furosemida em um tratamento para gordura localizada.

“É inexplicável, não dá pa­­ra descrever. Quero ver agora, do lado de fora, como vai ser”, comentou ela, à beira do tablado londrino, esboçando a possibilidade de se tornar dirigente do esporte em 2013, exatamente dez anos depois de integrar a seleção permanente em Curitiba, ganhar o bronze por equipes no Pan-Americano de San­­to Domingo e se tornar a pri­­mei­ra brasileira a vencer uma etapa de Mundial.

A Confederação Brasileira de Ginástica ainda não manifestou se fará alguma homenagem à atleta, principal responsável pela populariza­ção do esporte no Brasil.

A decisão dos conjuntos femininos apresenta Estados Unidos, melhor das eliminatórias, Rússia e China como favoritas – as disputas serão nesta quinta-feira. No individual masculino, o Brasil ainda tem chances de medalha na disputa, com Sergio Sasaki, no individual geral (quarta-feira), e Arthur Zanetti, nas argolas (final na segunda-feira, dia 6/8).

Fonte: gazeta

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