Varejo corta juros e encomenda mais produtos que na data comemorativa do ano passado. A aposta é de vendas melhores no fim do ano
O varejo voltou a esticar prazos e, acompanhando a redução dos juros, está cortando taxas para fisgar o consumidor para as vendas de fim de ano. Depois de um ano aquém do esperado, as lojas apostam no Natal como a grande virada de 2012. As encomendas de produtos para a comemoração estão entre 10% e 20% superiores às do ano passado, mas há casos de alguns produtos, como alimentos, enfeites e eletroeletrônicos, em que os volumes estão até 30% superiores aos de 2011.
A expectativa é que com a melhora na economia no último trimestre e a redução do endividamento, o consumidor que passou o ano com a corda no pescoço volte às compras. Acreditamos que a demanda que ficou reprimida ao longo do ano agora vai aparecer nas lojas, afirma Emilio Glinski, diretor geral da rede MM Mercado Móveis, de 170 lojas. A MM ampliou em 14% o volume de encomendas em relação ao Natal passado. À espera de sinais mais claros de melhora do cenário econômico, a empresa, no entanto, adiou um pouco as encomendas para o Natal deste ano. Geralmente compramos 100% do estoque entre agosto e o fim de setembro. Esse ano vamos concluir isso no fim de outubro, diz Glinski.
Para a MM, os primeiros sinais de melhora vieram com a retomada do nível de crédito. O índice de rejeição de cadastros de clientes, que havia chegado a 50% dos pedidos, hoje está em 40% e deve cair para 30% até o fim do ano. Com isso e a queda na Selic, a MM cortou de 5% a 6% as taxas de juros nos financiamentos longos.
Na rede de supermercados Condor, as encomendas estão entre 25% e 30% superiores às do mesmo período do ano passado, segundo João Luiz de Lima Silva, gerente comercial. De acordo com ele, um sinal de que a demanda vai voltar com força no fim do ano veio no Dia da Criança, cujas vendas de brinquedos aumentaram 40% em relação a 2011. Já compramos praticamente todos os itens para o fim do ano, com exceção das aves natalinas, que tradicionalmente são adquiridas em novembro, afirma.
Na área de bens duráveis, o varejo aposta em itens como tablets, tevês e smartphones como os campeões de vendas. A linha branca, que conta com IPI reduzido até 31 de dezembro, também deve registrar bom desempenho. Para Everton Muffato, proprietário da rede Super Muffato, as vendas devem melhorar neste fim de ano em comparação ao primeiro semestre, mas os volumes de encomendas crescem também porque as redes estão expandindo o número de lojas. Se considerarmos apenas as lojas já existentes, as encomendas estão entre 7% e 8% maiores que no ano passado. Com as lojas novas, esse crescimento é de 10% a 15%, diz. A empresa esticou os prazos de financiamento de 15 vezes para 20 vezes para a parcela caber no bolso do consumidor.
Perspectivas
Interior deve puxar o consumo no estado, diz Fecomércio
O consumo demorou para engrenar neste ano, apesar das medidas do governo para reanimar as vendas do varejo, como redução da taxa de juros e do IPI para automóveis, móveis e linha branca. Segundo o presidente da Federação do Comércio do Paraná (Fecomércio), Darci Piana, a expectativa é que o segundo semestre, que tradicionalmente é mais forte do que primeiro, sirva para compensar o desempenho da primeira metade do ano. A entidade deve divulgar nesta semana dados de uma sondagem sobre expectativa dos empresários do setor com o Natal. Acreditamos que as vendas devam crescer entre 13% e 14%, diz.
Boa influência
Além da melhora nas condições de crédito do consumidor, fatores como o pagamento do décimo terceiro salário, o incentivo à renegociação das dívidas que os juros bancários menores estão proporcionando, a economia do estado deve se beneficiar com os bons preços das commodities agrícolas e do seu efeito principalmente nas cidades do interior. Além disso há alguns sinais de que a crise internacional não vai piorar, a China vai manter a taxa de crescimento elevada, diz. Segundo ele, a crise foi responsável por afetar as vendas do Natal de 2011, que frustraram as expectativas do setor. As pessoas ficaram com receio de comprar, diz.