Terça-feira, 04 de dezembro de 2012
Última Modificação: 05/11/2018 14:15:00
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Suíno e bovinocultura descartam expansão imediata das vendas ao país euro-asiático, mas avicultura planeja atender demanda excedente
O anúncio da suspensão do embargo da Rússia às carnes suína, bovina e de aves do Paraná, na semana passada, não deve interferir, em curto prazo, na realidade dos três setores. Segundo os representantes e produtores das três áreas, questões técnicas inviabilizam o restabelecimento imediato das exportações. No médio prazo, apenas o setor de aves projeta na Rússia um cliente forte.
No primeiro semestre do ano passado – o embargo começou em junho – os negócios do estado com a Rússia somaram US$ 54 milhões, de acordo com o Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados do Paraná (Sindicarne). O valor é considerado baixo no estado.
“A Rússia caminha para ser autossuficiente na produção de aves, o que deve ocorrer no prazo de cinco anos. Até lá, o país pode ser um bom cliente para o Paraná”, disse Domingos Martins, presidente do Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Paraná (Sindiavipar).
Segundo o executivo, o estado está preparado para atender todas as questões sanitárias russas. “Na época do embargo, não havia motivos relacionados à avicultura. Mas a decisão foi fechar tudo.”
No caso da carne suína, a principal barreira tem nome: ractopamina, promotor do crescimento utilizado nos 28 dias finais da engorda, comum nos criadouros do Paraná. Sua eliminação aumentaria os custos num momento que o setor enfrenta preços recordes na compra de insumos. Para atender a essa exigência russa, seriam necessários ainda investimentos de milhões de reais na construção de fábricas de ração livres do promotor de crescimento.
O problema no setor bovino passa pela falta de frigoríficos habilitados a exportar no estado. A última planta que tinha habilitação – pertencente ao JBS Friboi e instalada em Maringá (Noroeste) – fechou as portas em setembro de 2010 e transferiu atividades para Mato Grosso do Sul.
“O Paraná não tem rebanho de qualidade e quantidade para atender o mercado externo. A abertura [do mercado russo] é inócua para o setor bovino”, lamenta Péricles Salazar, presidente do Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados (Sindicarne).
Fonte: gazeta