Sexta-feira, 14 de dezembro de 2012
Última Modificação: 05/11/2018 14:14:32
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Barreira de China, Japão e África do Sul tem efeito limitado. Setor teme a Rússia, maior importadora, com bloqueio parcial desde junho de 2011
Quando o mercado parecia estar se acalmando, uma semana após a confirmação de que um bovino de Sertanópolis (Norte do Paraná) morto em 2010 portava o agente da “doença da vaca louca”, mais dois países anunciaram embargo à carne brasileira. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) confirmou ontem que China e África do Sul juntaram-se ao Japão, que havia suspendido as compras no sábado, um dia após a notificação oficial da “ocorrência priônica”.
Os três países representam 1% do mercado externo da carne bovina brasileira, conforme dados compilados pela Associação Brasileira dos Frigoríficos (Abrafrigo). Esse porcentual refere-se ao valor arrecadado com as exportações de janeiro a outubro. O desempenho de novembro ainda não foi compilado.
Brasília confirmou que enviará nos próximos dias missões técnicas para explicar à China, Japão e África do Sul que o fato de a vaca de Sertanópolis portar o príon da Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB) no momento de sua morte não significa que o animal tenha desenvolvido a doença. Todos os exames feitos no Brasil e na Inglaterra, em laboratório credenciado pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), negam que o rebanho brasileiro tenha “vaca louca”.
O secretário-executivo do Mapa, José Carlos Vaz, disse achar “natural que , ao tomar conhecimento via imprensa, a reação de alguns países seja de cautela”, afirmou. “A carne e a defesa sanitária do Brasil são de qualidade e em breve as negociações serão normalizadas”, garantiu o secretário de Defesa Agropecuária, Ênio Marques. Japão, China e África já receberam informações básicas sobre o “achado priônico”, segundo Brasília.
A preocupação maior do governo brasileiro é com relação aos importadores de peso que estão manifestando desconfiança. Rússia, Irã e Venezuela dizem estudar a suspensão das importações da carne brasileira. O Mapa informou também que o Brasil está intensificando os contatos esses países. A Rússia mantém bloqueio ao Paraná, Rio Grande do Sul e Mato Grosso desde junho do ano passado e agora reluta em levantar o embargo.
Na próxima semana, o secretário de Defesa Agropecuária viaja a Genebra, na Suíça, para argumentar junto à Organização Mundial de Comércio (OMC), com documentos aceitos pela OIE, que o rebanho brasileiro não teve nem tem EEB. Diante a OIE, o Brasil continua como área de “risco insignificante” para a doença, o melhor status possível na escala da organização.
A China quadruplicou as compras e empolgou os exportadores brasileiros neste ano. As importações de carne bovina brasileira por parte do país asiático passaram de 2 mil toneladas de janeiro a outubro de 2011 para 10,2 mil toneladas nos dez primeiros meses de 2012. O valor negociação foi multiplicado por cinco, chegando a US$ 43,7 milhões.
Fonte: gazeta