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Quedas de idosos já são caso de saúde pública no Brasil

Quarta-feira, 09 de janeiro de 2013

Última Modificação: 05/11/2018 14:14:17


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Em 2010, 797 casos de queda resultaram em mortes no Paraná; 74% deles envolveram idosos

Entre uma série de doenças que passaram a acometer o brasileiro com mais frequências nas últimas três décadas, com o aumento da expectativa de vida no país, um problema que ainda passa despercebido começa a chamar a atenção dos médicos: o número impressionante de idosos que são vítimas de quedas, e também o grande número de óbitos decorrentes dos problemas de saúde causados ou agravados pelos acidentes.

Em 2010, cerca de 363 mil brasileiros, de todas as idades, deram entrada em hospitais para tratar de ferimentos decorrentes desses acidentes. Em 12 anos (de 1998 a 2010), foram 4 milhões de internações. Desse total, quase a metade envolveu pessoas com mais de 60 anos. Desde que o Sistema Único de Saúde passou a contabilizar os dados sobre quedas, através do Data-SUS, em 1998, o número de internações tem aumentado em torno de 5% ao ano.

No Paraná, foram 29,4 mil internações em 2010, das quais 20% envolviam brasileiros na terceira idade. Quando se analisam as mortes por quedas, no entanto, o problema cresce: dos 797 acidentes fatais, 588, ou 74% dos casos, envolvem idosos. De acordo com dados do Instituto Médico Legal de Curitiba compilados pela Gazeta do Povo, em 2012 foram registradas 65 mortes de idosos na capital e região metropolitana, uma média de cinco casos por mês.

Causas

Entre a população mais jovem, caso de crianças, as quedas se dão por acidentes em casa, majoritariamente; dentre os adultos, por acidentes de trabalho ou na prática de esportes. Entre os idosos, o crescimento se dá à medida que o brasileiro envelhece – a terceira idade já representa 12% da população – e passa a ser acometido por doenças como osteoporose (perda de massa óssea), falta de equilíbrio, musculação fraca, articulações enrijecidas e baixa visão. Com isso vêm as fraturas, muitas vezes fatais.

De acordo com o ortopedista do Hospital Marcelino Champagnat Mark Deeke, esse é um fenômeno observado em vários países desenvolvidos, onde começam a ser feitas campanhas maciças de prevenção para diminuir os custos humanos e financeiros das quedas. “É um caso de saúde pública, que exige conscientização. Uma queda de um trabalhador de um telhado é algo grave, claro, mas é diferente, pois ele pode se recuperar. Com o idoso é diferente, pois o próprio envelhecimento consome a capacidade de recuperação.”

Entre as consequências mais delicadas estão as fraturas de quadril, que, embora respondam por 20% das fraturas, são responsáveis por 99% das mortes. “Após os 80 anos, 30% vão a óbito no primeiro ano, e o restante, até cinco anos após a queda que gerou a fratura”, explica o ortopedista do Hospital Nossa Senhora das Graças em Curitiba Renato Raad. As quedas nessa parte do corpo são, infelizmente, tão comuns, que se costuma dizer, no meio médico, “que viemos ao mundo pelo colo do útero e iremos embora dele pelo colo do fêmur”, afirma Raad.

Não é a queda que mata

Diferentemente do que se possa imaginar, não é a queda propriamente dita que causa o óbito do idoso – isso ocorre apenas em casos mais graves, quando há traumatismo craniano ou grande hemorragia, como na fratura da pelve. Os riscos são as doenças que surgem ou se agravam quando uma pessoa sofre uma fratura e fica muito tempo acamada, sem se movimentar. De acordo com o Ministério da Saúde, as quedas são responsáveis por 70% das mortes acidentais de pessoas com mais de 75 anos, e representam a sexta causa de óbito na terceira idade.

O ortopedista Renato Raad explica que, a partir dos 60 anos, o idoso costuma apresentar doenças que surgem com o passar dos anos, como diabete, sobrepeso, pressão alta, arritimia cardíaca, problemas nos rins e pulmões. Com a imobilização, essas doenças tendem a se agravar, já que o corpo fica debilitado, a alimentação piora, os músculos não trabalham e atrofiam.

“Se a pessoa fica com a perna imobilizada, o sangue não passa pela região e é comum haver a formação de trombos que, se não tratados, podem chegar ao pulmão e causar embolia pulmonar”, diz Raad. Por isso, é recomendado que, caso seja necessário, o idoso seja operado o mais rápido possível quando sofre uma fratura.

“O recomendado é que não demore mais de 48 horas. Além de aliviar a dor do paciente, que é grande, o objetivo é evitar complicações típicas de um corpo imobilizado, como tromboses e pneumonias”, afirma o ortopedista Mark Deeke.

Fonte: gazeta

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