Quinta-feira, 10 de janeiro de 2013
Última Modificação: 05/11/2018 14:14:04
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Grande parte dos 168 acidentes em 2012 envolveu aviões de pequeno porte
Aumento da frota, falta de infraestrutura de aeroportos e imperícia de pilotos são as principais causas, segundo especialistas, para o aumento recorde de acidentes aéreos em 2012.
De acordo com o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), no ano passado foram registradas 168 ocorrências (nove a mais que em 2011), o que representa um aumento de 140% em 10 anos. Em 2003, o país teve 70 acidentes. Já a quantidade de aeronaves registradas na Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) que trafegam pelo espaço aéreo brasileiro cresceu em uma proporção menor, de 36% durante o mesmo período.
Os meses com maior registro de acidentes em 2012 foram fevereiro, agosto, novembro, junho e dezembro. Em todos eles, o índice de casos superou os dados contabilizados no ano anterior.
Das 168 tragédias aéreas, 146 foram com avião (aumento de 175% em relação a 2003, quando foram registrados 53 acidentes) e outras 22, com helicóptero (aumento de 29% em 10 anos, quando ocorreram 17 acidentes). Os dados do Cenipa são preliminares e podem sofrer alterações, pois o órgão ainda está recebendo relatos de seus escritórios regionais.
Causas
Para André Boff, professor do curso de Ciências Aeronáuticas da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), o aumento da frota e a falta de infraestrutura exercem papel preponderante para o crescimento do índice de acidentes. Ainda segundo ele, a maior parte das ocorrências é de aeronaves de pequeno porte. “Não há estrutura que garanta segurança de pilotagem no céu brasileiro. Além disso, problemas como falta de manutenção da aeronave, a falta de supervisão de aviões e helicópteros particulares e a imperícia dos pilotos contribui para o aumento dos acidentes”, completa.
A coordenadora do curso de Ciências Aeronáuticas da Universidade Norte do Paraná (Unopar), Vivien Corazza da Costa, concorda que a falta de infraestrutura para coordenar os voos pode contribuir para o aumento de acidentes. “O governo federal deveria contratar mais controladores de voos, mas também vemos muitas pessoas pilotando avião sem ter curso ou experiência suficiente”, comenta.
O ano passado ainda registrou o maior número de acidentes de avião com mortes – foram 29, contra 22 no ano anterior. Os acidentes envolvendo helicópteros deixaram menos vítimas fatais – três, contra oito em 2011. Porém, a quantidade de mortos nas tragédias registrou queda. No ano passado, 71 passageiros e tripulantes perderam suas vidas em quedas de avião e helicóptero, contra 90 em 2011.
Diminuição relativa tem explicação econômica
Especialista em gerenciamento de riscos com experiência na área de aviação, Gustavo Cunha Mello ressalta que a taxa de crescimento de ocorrências em 2012 em relação a 2011 foi menor (perto de 5,6%) do que a de 2011 em relação a 2010 (41%). Isso, contudo, não pode ser visto como um avanço. Segundo ele, foi apenas reflexo das dificuldades econômicas que grande parte dos brasileiros viveu no ano passado. “A maioria dos acidentes é provocada por jatinhos e helicópteros particulares. Como o combustível para a aeronave ficou mais caro, as pessoas viajaram menos. Quanto menos se viaja, menos risco se corre”, explica Mello. Além disso, ele ressalta que o espaço aéreo não é completamente controlado. “Sem falar que muitos pilotos são imprudentes e até bebem antes de pilotar. Isso contribui para o índice, afirma.
Fonte: gazeta