Quinta-feira, 17 de janeiro de 2013
Última Modificação: 05/11/2018 14:13:49
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Mesmo com elevação de custos, estado aumentou produção em 2012, na contramão do mercado nacional, que pisou no freio e recuou nas exportações
Depois de registrar uma onda de crescimento contínuo por 11 anos, a avicultura nacional recuou em 2012. O saldo final do setor, segundo a União Brasileira de Avicultura (Ubabef), apontou queda de 3,17% na produção em relação a 2011. O fato é justificado pela alta nos custos dos insumos – grãos de milho e soja, usados na alimentação das aves – e que pôs as empresas em crise, exigindo readequação nos abates para equilibrar oferta e demanda. Na contratendência, os números do Paraná mostram que o estado contornou a crise e melhorou seus indicadores, fato que estimulou os frigoríficos a continuarem investindo, uma aposta no crescimento do consumo e das vendas.
Os números da Ubabef consideram que foram produzidas 12,6 milhões de toneladas, puxadas sobretudo pelo Paraná, que respondeu por 29,7% dos abates no país. E embora o Brasil não tenha perdido a posição de maior exportador de aves (com 39,7% com comércio internacional), o valor das vendas caiu. As negociações somaram US$ 8,3 bilhões, 5,5% menos que em 2011. Considerando apenas frangos, foram R$ 7,7 bilhões, -6,6%. Para 2013, a Ubabef prevê alta de até 3% tanto na produção quanto nos abates de frango.
Paraná
O estado não reduziu a produção porque estava mais preparado para enfrentar a crise e, nos últimos meses de 2012, ampliou resultados, segundo Domingos Martins, presidente do Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Estado do Paraná (Sindiavipar). “O setor se reorganizou e voltou a ser vigoroso. Vamos conseguir produzir mais frango em 2013, e a preços compatíveis com o mercado”, avalia. Em 2012, houve alta de 7,8% nas exportações e de 0,9% nos abates, conforme relatório divulgado ontem.
Embora o mercado interno tenha respondido por 69% do consumo, a aposta de 2013 é aumentar os embarques para o exterior, prevê o presidente da Ubabef, Francisco Turra. “Neste ano, queremos melhorar a qualidade da exportação de carne de frango, com embarques de mais valor agregado”. Em 2012, os alimentos processados, mais caros, integraram apenas 5% da pauta de exportações, enquanto os cortes de frango representaram 55%.
Martins não acredita em uma nova alta nos custos, graças à perspectiva de safra recorde de grãos nesta temporada. “Há expectativa de crescimento na safra de grãos, então não deve haver escassez. A especulação ocorre quando existe a possibilidade de faltar produto”, explica. Ele também lamenta a quebra de empresas do setor devido à crise. “Se o governo tivesse dado apoio desde 2008, talvez nenhuma empresa tivesse ficado pelo caminho.”
Diplomata precisa de R$ 30 milhões
Luiz Carlos da Cruz, correspondente
Em recuperação judicial desde agosto do ano passado, o frigorífico Diplomata busca parcerias para viabilizar R$ 30 milhões, necessários para reativar a unidade de abate de frangos em Capanema, no Sudoeste. De acordo com Alfredo Kaefer, controlador da empresa, alguns contatos de parcerias para viabilizar o negócio estão adiantados, mas ele não deu detalhes. “Se nada der errado na primeira semana de março voltaremos a alojar”, afirma. Alojamento é o período em que os pintinhos ficam nos aviários desde que são chocados até chegar à fase de abate.
No dia 31 de janeiro acontece em Cascavel, cidade sede da empresa, uma assembleia com credores. “Tem um grupo tratando desse assunto e vai levar a nossa proposta”, afirma Kaefer. No total, entre grandes e pequenos, são mais de três mil credores da Diplomata, boa parte composta de avicultores que entregaram seus lotes de produção ao frigorífico.
O avicultor Gelso Guerra é um dos credores e tem R$ 74 mil para receber. Ele diz que a situação está insustentável. “Está todo mundo sem dinheiro, sem saber para onde correr. Para ser bem sincero eu estou migrando para outra empresa”, afirma. Guerra não acredita na recuperação da empresa e diz ter dúvidas sobre se vai conseguir receber os valores.
A crise na Diplomata, que tem dívida de aproximadamente R$ 600 milhões, afeta de forma direta ou indireta 14 municípios do Sudoeste. Na tarde da última segunda-feira, doze prefeitos participaram de uma reunião em Capanema para discutir a crise.
De acordo com a prefeita Lindamir Denardin (PSDB) praticamente metade da arrecadação de Capanema vêm do frigorífico. Os cerca de 800 trabalhadores da unidade estão sem receber os vencimentos de dezembro e o 13.º salário.
Fonte: gazeta