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RS corrige para 231 o número de mortos em incêndio em boate

Segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Última Modificação: 05/11/2018 14:12:47


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Anteriormente, as autoridades locais tinham informado que eram 233 mortos -- dois nomes estavam duplicados na listagem das vítimas

O Instituto-Geral de Perícias (IGP) informou que 231 pessoas morreram no incêndio que ocorreu na madrugada deste domingo (27) na Boate Kiss, em Santa Maria, na região central do Rio Grande do Sul. De acordo com o governo estadual, a lista é a final com a identificação dos corpos levados para o Centro Desportivo Municipal de Santa Maria. Anteriormente, as autoridades locais tinham informado que eram 233 mortos -- dois nomes estavam duplicados na listagem das vítimas.

Ao menos 101 dos mortos eram alunos da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), com base em lista anterior divulgada pelo governo estadual.


>> Veja fotos de alguns momentos da tragédia

>> Assista vídeo de uma apresentação anterior da banda

>> Boate divulga nota de pesar

Até o início da noite, 115 corpos já haviam sido formalmente reconhecidos e 106 feridos continuavam internados: 92 em hospitais de Santa Maria e outros 14 em Porto Alegre - sete dos quais, com queimaduras graves, estavam internados em UTIs.

Cerca de 50 vítimas do incêndio na boate Kiss devem ser enterradas no cemitério municipal da cidade nesta segunda-feira, segundo informações do jornal "Zero Hora". Para realizar os funerais, os cemitérios de Santa Maria estão com horários e serviços diferenciados.

O Cemitério Ecumênico Municipal abriu para enterros a partir das 7h30m. As funerárias deverão revezar os enterros em intervalos de meia-hora. Durante a tarde de domingo, equipes do cemitério tiveram ajuda do Exército para a abertura de túmulos.

Um ato ecumênico, em homenagem às vítimas do incêndio da Boate Kiss, está previsto para ocorrer a partir das 8h desta segunda-feira (29) em Santa Maria. A celebração será feita pelo arcebispo da cidade, dom Hélio Adelar Rupert, no Centro Desportivo Municipal (CDM), onde está sendo velada parte das vítimas.

Porta principal da boate Kiss estava trancada, afirma comandante dos bombeiros

O comandante geral do Corpo de Bombeiros do Rio Grande do Sul, coronel Guido Pedroso de Melo, disse que a porta principal da boate Kiss, em Santa Maria, estava trancada na hora do incêndio. No relato dado ao Globo, estudante de medicina Murilo Tiecher, que estava na boate Kiss, em Santa Maria (RS), no momento em que o incêndio começou, relatou que os seguranças do estabelecimento tentaram inicialmente impedir a saída das pessoas.

Somente depois de três minutos eles perceberam que havia um incêndio e passaram a ajudar a retirar as pessoas do local.

"Grande parte dos mortos estavam amontoados perto da saída. A maioria morreu por asfixia. Lamentavelmente, as pessoas ficaram confinadas, porque a saída estava trancada", disse Guido ao canal "Globo News".

Tragédia

Esta é a maior tragédia da história do Rio Grande do Sul, o segundo incêndio mais mortal e a quinta maior tragédia da história do Brasil. Na hora do acidente, acontecia uma festa universitária. Por isso, a maioria das vítimas era jovem com idade entre 16 e 20 anos.

O fogo teria começado por volta das 2h30, quando o vocalista da banda que se apresentava fez uma espécie de show pirotécnico, usando um sinalizador. As faíscas atingiram a espuma do isolamento acústico no teto do estabelecimento, e as chamas se espalharam.

O incêndio provocou pânico e muitas pessoas não conseguiram acessar a saída de emergência. Conforme um segurança que trabalhava na boate no momento do incêndio, entre mil e duas mil pessoas deveriam estar no local durante o incidente.

Segundo informações do canal de televisão Globo News, outro fator que agravou a situação foi que a saída principal da boate foi trancada por seguranças -- para impedir que as pessoas saíssem sem pagar. Há informações de que alguns funcionários não tinham noção da gravidade do incêndio e outros achavam que o tumulto era por conta de uma briga.

O delegado Sandro Meinerz, um dos responsáveis pela investigação do incêndio, afirmou que o alvará de funcionamento do estabelecimento estava vencido na ocasião do incêndio. "A informação preliminar é que o estabelecimento funcionava com alvará vencido em processo de renovação, mas ainda não renovado" afirmou o delegado à Agência Estado.

O Ministério Público do Estado do Rio Grande do Sul informou que irá acompanhar as investigações.

A maior parte das vítimas fatais do incêndio não está queimada, está apenas suja, coberta de fuligem, confirmando a informação dos bombeiros de que a maioria morreu por asfixia. "Elas entraram em pânico e acabaram pisoteando umas às outras", afirmou o comandante geral do Bombeiros, coronel Guido de Melo.

Velório coletivo

Abalados pelo incêndio que matou pelo menos 231 pessoas e deixou várias outras feridas na boate Kiss, na cidade gaúcha de Santa Maria, familiares e amigos de mortos na tragédia passaram a madrugada de domingo para esta segunda-feira velando os corpos.

Diversos caixões permaneceram até a manhã desta segunda no Centro Desportivo Municipal, para onde os corpos foram levados para serem identificados. Durante o dia, familiares e amigos, além de 500 voluntários, entre eles médicos, psicólogos, além de policiais, militares, religiosos e jornalistas, foram ao ginásio.

Boa parte dos 261 mil habitantes de Santa Maria foi ao local mostrar seu apoio às famílias das vítimas.

"Sabemos que podia ter sido qualquer de nós. Não há uma pessoa que não esteja estremecida em Santa Maria. Foi uma coisa grave, sem explicação", disse à Agência Efe o médico Cléber Lotes, que trabalha como voluntário para atender os parentes de possíveis ataques de ansiedade ou de queda de pressão.

Na entrada de um dos ginásios do complexo, uma interminável lista de nomes de mortos, atualizada a cada momento, dava a medida da magnitude do ocorrido.

Todos os caixões tinham um cartaz próximo para identificar a vítima, e em cima de alguns deles havia objetos pessoais, como um pinguim de pelúcia, fotos ou bandeiras de times de futebol, sobretudo os do Campeonato Gaúcho, cuja rodada deste fim de semana foi cancelada devido à tragédia.

Em conversas íntimas, os familiares recompunham o quebra-cabeças do acidente para tentar entender como em poucos minutos as faíscas de um espetáculo pirotécnico no palco se propagaram por toda a boate Kiss, tornando-se uma armadilha mortal para a maioria dos presentes a uma festa universitária.

A maioria dos familiares e amigos mais próximos, abalados, não quis falar com a imprensa, e muitos deles optaram por transferir seus velórios a lugares mais íntimos, como igrejas ou um dos dois cemitérios da cidade, que permaneceram abertos durante toda a noite.

No cemitério de Santa Rita, nos arredores de Santa Maria, cinco vítimas foram veladas até a madrugada por dezenas de parentes, uma cena similar à do Centro Desportivo Municipal, onde uma multidão continuou em vigília muitas horas depois da visita da presidente Dilma Rousseff.


Familiares iniciaram, no final da tarde deste domingo, o velório dos mortos no incêndio. O velório coletivo está sendo realizado em um ginásio do Centro Desportivo Municipal, ao lado do pavilhão para onde os corpos retirados da casa noturna foram levados. Alguns corpos deverão ser sepultados nesta segunda-feira.

Além da movimentação de familiares e amigos, muitos voluntários caminham pelo local, distribuindo água e comida.


Ajuda e luto

O Hospital Universitário de Santa Maria e o Hospital de Caridade, para onde foram levados os feridos, pedem ajuda de voluntários da área médica para ajudar no atendimento.

O governador do RS, Tarso Genro, decretou 7 dias de luto oficial. A presidente Dilma Rouseff também foi à cidade, também decretou luto oficial. A tragédia resultou ainda no cancelamento da agenda que marcaria a contagem regressiva de 500 dias para a Copa de 2014.

Este é o segundo maior incêndio do Brasil. A maior tragédia brasileira foi registrada em 1961, quando 503 pessoas morreram em um incêndio no Grande Circo Americano, em Niterói, no Estado do Rio de Janeiro.

Boate divulga nota de pesar

Os responsáveis pela Boate Kiss publicaram há pouco uma carta de pesar pelas vítimas do acidente. No comunicado, a casa ressalta que seus funcionários possuíam "a mais alta qualificação técnica e estavam treinados e preparados para qualquer situação de contingência".

Na nota, divulgada no site do estabelecimento na internet, a administração da boate afirma que a prioridade da casa é prestar atendimento aos sobreviventes do incêndio e auxiliar os familiares das vítimas fatais. "É isso o que está sendo feito com disponibilidade de informações e acompanhamento de equipe multidisciplinar (psicológicos, médicos, assistentes sociais, etc)", diz a nota.

A nota está assinada por Armando C. Neto, membro da administração do estabelecimento. Leia a íntegra da nota.

Fonte: gazeta

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