Quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013
Última Modificação: 05/11/2018 14:13:19
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Até a eleição, petistas vão destacar as conquistas sociais da última década e tentar colar nos adversários o rótulo de conservadores que trabalham contra o país
A festa para comemorar os dez anos do PT na Presidência da República, realizada ontem à noite em São Paulo, marcou o começo extraoficial da campanha petista para reeleger a presidente Dilma Rousseff no ano que vem. O encontro, que reuniu Dilma e o ex-presidente Lula, se transformou num ato em defesa do legado petista para o Brasil. Também antecipou algumas das linhas de comunicação que o PT usará em 2014: destacar as conquistas sociais da “era petista”, autodeclarar-se o “partido do povo” e colar nos adversários a imagem de “conservadores” que trabalham contra o país.
Durante a festa de ontem, Dilma já lançou mão da estratégia de comunicação. “O nosso governo é um governo que não tem medo dos números, porque os números estão a nosso favor”, disse Dilma, indicando que o PT deve partir para a comparação com a gestão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), mostrando a suposta “superioridade” da administração petista.
Outra linha da comunicação será criticar os oposicionistas, mostrando que eles alegavam que os governos petistas não seriam capazes de promover as mudanças positivas que efetivamente foram implantadas. Além disso, o PT buscará mostrar que a oposição “conservadora” aposta no pior para o país, como a possibilidade de um apagão de energia elétrica.
Ontem, Dilma tocou nesse assunto. Afirmou que o Brasil é único país que consegue ampliar sua produção energética e, ao mesmo tempo, diminuir o custo da conta de luz. Ela criticou os que disseram que não conseguiria reduzir a tarifa de energia e que havia risco de racionamento energético. “Ou eles não conheciam a realidade brasileira, ou, como é possível, não conheciam este governo. E tudo se dissipou tal qual surgiu: no nada”, disse.
A estratégia de comunicação já havia sido usada na terça-feira, quando Dilma lançou o programa de complementação de renda, por meio do Bolsa Família, para tirar da pobreza extrema os últimos 2,5 milhões de brasileiros que estariam nessa faixa de renda. Com o lançamento do programa, Dilma pretende mostrar aos eleitores, em 2014, que cumpriu a sua principal promessa de campanha: erradicar a miséria no país.
O lançamento do programa inclusive teve elementos de campanha eleitoral. Por exemplo, havia um cartaz com a frase “O fim da miséria é apenas um começo”, sugerindo que o governo ainda fará muito mais. Durante seu discurso, Dilma também criticou os “conservadores”. “É por isso que as correntes do pensamento conservador – aquelas mesmas correntes que quase empurram o mundo para o abismo da crise financeira – insistem em não entender o Brasil e a originalidade do nosso modelo”, disse Dilma.
Mensalão
O mensalão será um ponto fraco do plano para reeleger a presidente. O Planalto não quer muita discussão sobre o assunto. Ontem, durante a festa do PT, o ex-presidente Lula deu o tom de qual deve ser a defesa do partido quando for acusado de ter participado de casos de corrupção.
“Não temos medo de comparação, inclusive comparação e debate sobre a corrupção. Todo mundo sabe que tem duas formas de a sujeira aparecer: uma é mostrar, a outra é esconder. E eu duvido que tenha um governo na história desse país que criou mais transparência e mais instrumentos de combate à corrupção do que o nosso governo”, disse Lula.
Pré-candidato, Aécio cita “13 fracassos” do PT no governo
Agência Estado
Criticado por estar “escondido” e não marcar posição contra o governo petista, o senador Aécio Neves (PSDB-MG), cotado para disputar a Presidência em 2014, parece ter resolvido entrar em campo. A um ano e meio da eleição presidencial, Aécio vestiu ontem o figurino de candidato do PSDB à Presidência da República e subiu a tribuna do Senado com um discurso contundente contra os 10 anos de gestão petista no governo federal.
Horas antes da festa em comemoração aos 33 anos do PT, o tucano acusou a presidente Dilma Rousseff de não administrar o país e governar apenas sob a “lógica da reeleição”. Como havia prometido na terça-feira, Aécio fez um discurso em que enumerou os “13 fracassos” da gestão petista – numa alusão ao número do PT.
“A verdade, senhoras e senhores, é que hoje seria um ótimo dia para que o PT revisitasse a sua própria trajetória, não pelo espelho do narcisismo (...), mas pelos olhos da História, até porque, ao contrário do que tenta fazer crer a propaganda oficial, o Brasil não foi descoberto no ano de 2003”, criticou Aécio. Lido, o discurso do tucano durou 20 minutos e foi acompanhado pela cúpula do partido na Câmara e no Senado.
Aécio criticou uma série de áreas da gestão petista. Ele mencionou a queda da atividade industrial, a perda de credibilidade internacional por conta da manobra fiscal no fim de 2012 para fechar as contas do superávit primário, a “destruição” de empresas nacionais, como a Petrobras, as tentativas de cerceamento da liberdade de imprensa e a “complacência com os desvios” ao fazer a defesa pública dos condenados no processo do mensalão.
O pré-candidato do PSDB afirmou que a presidente “chega à metade de seu mandato longe de cumprir as promessas da campanha de 2010”. Segundo ele, o país está estagnado e o PAC, uma das vedetes do governo federal, é “o PAC da propaganda e do marketing”.
No momento em que fez a defesa mais enfática da gestão Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), ele afirmou que “a grande verdade é que nos 10 anos o PT está exaurindo a herança bendita” do ex-presidente tucano. Ao final do discurso, ele foi ovacionado ao afirmar que Dilma está em campanha à reeleição.
O presidente do PSDB, deputado Sérgio Guerra (PE), disse que Aécio Neves não fez um discurso de candidato a presidente, mas sim de um líder de oposição. O senador mineiro provavelmente sucederá Guerra na presidência do partido em maio, como forma de cacifar sua candidatura presidencial em 2014.
Fonte: gazeta