Quinta-feira, 09 de maio de 2013
Última Modificação: 05/11/2018 14:08:10
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Lotes das marcas Líder, Italac e Mumu deverão ser retirados das prateleiras por determinação da Secretaria Estadual de Saúde. Medida tem caráter preventivo
A Secretaria da Saúde do Paraná determinou o recolhimento de oito lotes de leite suspeitos de adulteração das marcas Líder, Italac e Mumu, que comercializam o produto no estado. A medida, segundo informações divulgadas pela secretaria, tem caráter preventivo, e é consequência de uma operação realizada pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul nesta quarta-feira (8) e que resultou na prisão de oito pessoas no estado por suposta adulteração de lotes de leite.
O governo do Paraná tomou a iniciativa de recolher os lotes de leite mesmo não havendo evidências até o momento de que unidades do produto contaminado tenham sido enviadas ao mercado paranaense, comprovando riscos ao consumidor.
A Vigilância Sanitária do estado informou que se baseou em uma nota técnica emitida pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento para emitir a ordem. É este órgão que emite o Selo de Inspeção Federal (SIF), necessário para a comercialização legal de produtos de origem animal no país.
A intenção do governo estadual é forçar os donos ou responsáveis por postos de revenda a verificar a existência de produtos dos lotes relacionados nas prateleiras e, caso encontrem, os retirem das gôndolas. Após esse trabalho, as embalagens com o devido conteúdo devem ser devolvidas às empresas produtoras.
Já o cliente que está em posse de um desses produtos deve inutilizar o leite e procurar o Serviço de Atendimento ao Cliente da empresa, ou ainda solicitar informações à vigilância sanitária municipal. Em Curitiba, o atendimento do órgão é feito por meio do telefone 156.
Apenas os lotes relacionados devem ter interrupção nas vendas. Os demais produtos das marcas podem ser comercializados normalmente, segundo a Secretaria de Saúde do Paraná.
Outro lado
A marca Mu-Mu se manifestou por meio de nota oficial e destacou que “a investigação do Ministério Público está concentrada no transporte entre o produtor leiteiro e os postos de resfriamento, onde o produto fica armazenado antes da entrada em nossa fábrica. A empresa atende a todos os requisitos e protocolos de testes de matéria prima exigidos pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento”.
A Italac, em nota, relatou que o problema foi pontual e aconteceu durante o transporte do leite cru entre a fazenda e o laticínio, antes de o produto ser industrializado. Segundo a empresa, os lotes relacionados foram retirados do mercado e não estão mais à disposição do consumidor. A empresa disse apoiar as “ações do Ministério da Agricultura e Ministério Público no sentido de assegurar a qualidade do leite em toda a sua cadeia de produção e manter a confiança do consumidor nesse importante alimento”.
A marca Líder informou que também retirou todo o lote de circulação e que os produtos relacionados na apuração não estão disponíveis ao consumidor. A companhia relatou que como medida preventiva descredenciou cinco transportadoras terceirizadas de leite cru e fechou um dos postos de resfriamento do produto. A empresa relatou que o leite envasado pela organização passa por uma dupla checagem e desde janeiro não foi detectado nenhum problema com adulteração e que, portanto, o leite da marca que está nas prateleiras - que não pertence aos lotes suspeitos - pode ser consumido com segurança.
Entenda o caso
A polícia prendeu nesta quarta-feira (8), oito pessoas acusadas de adulterar lotes de leite no Rio Grande do Sul. A operação, comandada pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul (MP-RS), foi desencadeada em três regiões do estado: Guaporé, Ibirubá e Horizontina. A operação, denominada "Leite Compen$ado", contou com apoio do Ministério da Agricultura e da Receita Federal
As investigações, realizadas pelas Promotorias de Justiça Especializada Criminal e de Defesa do Consumidor da capital, apontam que cinco empresas de transporte de leite adulteraram o produto entregue para a indústria. Oito pessoas foram presas no Rio Grande do Sul suspeitas de adulterar os lotes de leite.
Uma das formas de adulteração identificadas é a adição de uma substância semelhante à ureia e que possui formol em sua composição, na proporção de 1 kg deste produto para 90 litros de água e mil litros de leite. Amostras coletadas durante três meses de investigação em supermercados apontaram fraude em 14 lotes do produto.
A simples adição de água, com o objetivo de aumentar o volume, acarreta perda nutricional, que é compensada pela adição da ureia - produto que contém formol em sua composição - e é considerado cancerígeno pela Agência Internacional para Pesquisa sobre Câncer e pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
A fraude foi comprovada através de análises químicas do leite cru, onde foi possível identificar a presença do formol, que, mesmo depois, dos processos de pasteurização, persiste no produto final. Com o aumento do volume do leite transportado, os "leiteiros" lucravam 10% a mais que os 7% já pagos sobre o preço do leite cru, em média R$ 0,95 por litro. A suspeita é que 100 milhões de litros tenham sido fraudados entre abril de 2012 e maio de 2013. A estimativa é que um milhão de quilos de ureia contendo formol tenham sido adicionados.
Fonte: gazeta