Afinal, o que, exatamente, é um combustível aditivado? Ele é melhor que o comum? Fora a óbvia diferença de preços notada nas bombas, o que difere a gasolina e o álcool aditivados dos comuns é uma pequena porcentagem (cujo número é escondido a sete chaves pelas fabricantes) de um detergente especial. A explicação é do professor de Engenharia Mecânica da Universidade Luterana do Brasil (Ulbra) Charles Rech.

O aditivo dissolve partes de parafina presentes no combustível, ou seja, serve para manter a linha de alimentação limpa - o que inclui peças como bomba e eletroinjetor (bico injetor), entre outras. E carros com carburador? "Quase não faz diferença usar aditivada", esclarece Rech. "Os bicos, no sistema de carburação, são maiores, então não é qualquer sujeirinha que vai representar um problema", complementa Walter Andrey Fontana, um dos coordenadores do curso de Engenharia Mecânica da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos).

Desempenho 
Em termos de consumo e potência do motor, o combustível aditivado e o comum se equivalem. "A diferença é que quando o sistema de alimentação está sujo, tende a consumir mais e realizar queima incompleta, o que resulta em rendimento mais baixo", detalha Fontana. Manter o motor limpo ainda impede a perda de pressão das válvulas, o que também ajuda a manter a potência do carro.

No caso de veículos a diesel, o bico injetor é muito fino, por isso mais suscetível a sujeiras. Usar as opções aditivadas pode ser uma forma de espaçar as visitas à oficina mecânica. Mas o professor da Unisinos faz uma ressalva: é importante observar as indicações do manual do carro. Se a cartilha indicar uso de combustível C (comum), optar somente pelas versões com aditivos pode não ser a melhor alternativa.

Fontana destaca que muitas pessoas começam a usar álcool ou gasolina aditivados e passam por problemas de entupimento. O engenheiro mecânico explica que isso ocorre porque o combustível diferenciado começa a limpar a sujeira acumulada, o que pode gerar problemas. Para quem está comprando carro usado e não sabe que tipo de combustível o antigo dono usava, a dica é verificar se há entupimento do filtro e, se for o caso, trocá-lo

Superaditivadas 
No caso das gasolinas superaditivadas - como a Premium, da Petrobrás -, a questão é outra, porque o que elas têm de especial é a alta octanagem, e não um aditivo de limpeza. "Os combustíveis de alta octanagem são usados em motores com alta taxa de compressão", pontua Fontana. "No Brasil o mais comum é os motores serem feitos para a baixa, enquanto os modelos importados costumam ser de alta", completa Rech.

Usar combustível de alta octanagem em carros nacionais não afeta a potência do carro, mas o contrário - usar gasolina comum em motor importado - é prejudicial ao desempenho do veículo. "Nesses casos, a mistura acende antes da hora, por ser menos resistente à compressão, o que gera combustão anormal. É quase como usar gasolina adulterada", compara o professor da Ulbra. O ideal, por isso, é usar combustível compatível com o motor. Rech lembra que existe um ajuste no sistema eletrônico para minimizar o problema quando se usa gasolina de baixa octanagem, mas avisa que essa tática diminui a potência e aumenta o consumo do motorQuando usar 
"Se o motorista abastecer sempre com combustível aditivado, tudo bem, vai estar tudo sempre limpo", diz Rech. Para quem prefere economizar, ele indica que a cada quatro tanques de gasolina ou álcool comum, seja abastecido um tanque de aditivado. E quem optar por só usar o combustível comum? Eventualmente, segundo o engenheiro, pode ser necessário fazer limpeza de bico ou outro tipo de faxina na linha de alimentação. "Isso vai variar muito de carro para carro, às vezes pode nem precisar", conclui. Fontana reitera a orientação de fazer o recomendado pelo manual da montadora.