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Um novo horizonte para o ensino

Segunda-feira, 11 de novembro de 2013

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O Brasil tem uma oportunidade de ouro para melhorar a educação no país: a exploração do petróleo no megacampo de Libra, licitado há três semanas, vai injetar bilhões de reais na área social. Além disso, uma nova fonte de recursos poderá ser criada com a aprovação do Plano Nacional de Educação (PNE), que tramita no Senado e prevê investimento de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) no setor. Ao mesmo tempo, a população brasileira em idade escolar vai diminuir, o que permite elevar o gasto por aluno. Com a garantia de recursos, surgem outros questionamentos: que áreas priorizar, e de que forma? A Gazeta do Povo consultou especialistas e faz um resumo das principais ações sugeridas:

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Planejamento, participação e controle

Priscila Cruz, diretora-executiva do movimento Todos pela Educação, ressalta que não há soluções prontas para a educação brasileira. “Nada por si só vai resolver uma situação, e não é o dinheiro que vai garantir a qualidade da educação. É preciso ter clareza de onde investir.” Na avaliação dela, é fundamental a aprovação da Lei de Responsabilidade Educacional, que tramita na Câmara dos Deputados e prevê regras e punições para os gestores que não cumprirem determinadas regras na área de educação. O sociólogo Vicente Rodriguez pondera que a sociedade precisa participar mais e que as diretrizes previstas no Plano Nacional de Educação (PNE) podem garantir um salto na qualidade do ensino. “Os planos nacionais em geral são bons, as intenções são boas. Falta executar melhor.”

Salários maiores e valorização da carreira

O docente precisa ser valorizado, e não é pelo mero reajuste salarial que isso vai acontecer. “Há um consenso generalizado de que o professor precisa mudar de status social e profissional. Isso passa por salário e revalorização do papel e da escola na sociedade”, diz o sociólogo Vicente Rodriguez. Para o engenheiro Antonio Ibãnez Ruiz, isso deve ser feito junto com a estruturação da carreira. “Os professores das universidades federais, ainda que façam greve regularmente, não se evadem como ocorre no ensino fundamental, pois têm possibilidade de fazer carreira. Todos os professores merecem essa motivação para se aprimorar”, diz. Segundo ele, uma forma de progressão pode ser obtida a partir da pesquisa acadêmica. “O professor aplica determinada metodologia de ensino em uma turma de 30 a 40 alunos e obtém determinados resultados. Esse material, registrado quase diariamente, rende ótimas pesquisas, basta ensinar a metodologia de trabalho científico”, sugere. Para a pesquisadora em desenvolvimento humano Elvira Lima, o professor do ensino fundamental precisa ter estabilidade na docência de uma determinada série. “Às vezes, a informação sobre para qual ano ensinarão vem apenas no início do ano letivo”, critica.

Qualificação direcionada

Os cursos de qualificação têm relação direta com a valorização do professor, mas é preciso reformular a capacitação, dizem os especialistas em ensino. “Hoje são gastos milhões em formação continuada, sem melhoria significativa na relação ensino-aprendizagem”, diz Antonio Ibãnez Ruiz. Segundo ele, o ideal é que cada secretaria estadual de Educação tenha uma escola de formação de professores, com cursos desenhados a partir de demandas específicas. “Hoje os professores cursam aulas em universidades, mas o objetivo destas é completamente diferente.” Elvira Lima ressalta que o próprio ambiente escolar precisa proporcionar estímulos constantes aos professores. “Assim ele poderá adequadamente estimular a imaginação da criança, criar situações que ativem a curiosidade e elaborar um currículo que seja condizente com as capacidades de observação, pesquisa e escrita que todas as crianças podem desenvolver.”

Reformulação dos currículos

Há uma corrente que defende a padronização do currículo do ensino fundamental, mas a tese não encontra consenso. “Precisamos de um currículo nacional, que padronize o conteúdo. Hoje não há transparência sobre os conteúdos que cada aluno precisa aprender. Isso é importante, para facilitar a capacitação do professor”, avalia Priscila Cruz. Para Vicente Rodriguez, as características político-federativas do Brasil dificultam uma unificação. “Não acho que seja crível pensar em um sistema que possa regular tudo.” Mas há um consenso em torno da reformulação do currículo do ensino médio. “Hoje temos uma estrutura enciclopédica, com 13 disciplinas obrigatórias. Precisamos de aulas mais adequadas às vocações dos alunos”, pondera Priscila. Antonio Ibãnez Ruiz diz que há muitos modelos possíveis, e um deles é por meio de projetos em sala de aula. “Um projeto de saneamento, por exemplo, vai envolver várias disciplinas, como Meio Ambiente, Matemática, Física e Biologia.”

Ensino integral e de qualidade

O aumento dos recursos na área educacional também vai permitir a consolidação do ensino integral de qualidade, que é tido como essencial para a melhoria do aprendizado dos alunos. Na Escola Municipal Eny Caldeira, por exemplo, um projeto que poderá se concretizar com mais recursos é a ampliação das aulas de música. De acordo com a diretora Cibele Santi, a escola conta com um piano, mas não há como proporcionar aulas para todas as crianças. “O sonho é poder dar aulas para todos os interessados.” Atualmente, os alunos do 3º ao 5º ano têm aula de flauta com a professora de Artes Anne Lenardt; porém, os pais precisam comprar o instrumento, que custa R$ 25. Mas o ensino tem grande impacto sobre as crianças. “A primeira mudança é disciplinar. Dedicadas ao instrumento, elas se concentram e se comportam.” A música, planejada dentro de uma proposta curricular ampla, é tida como elemento essencial em uma educação integral de qualidade. “A educação integral não deve separar entre um núcleo de estudos mais sérios e outro de estudos mais lúdicos. Na verdade, considerando o funcionamento do cérebro, música, matemática e geometria e escrita têm núcleos comuns, além de utilizarem os mesmo instrumentos mentais para sua realização”, diz Elvira Lima.

 

Fonte: gazeta

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