Segunda-feira, 11 de novembro de 2013
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Sem o costume de ir ao médico, homens diagnosticados com a doença têm taxa de sobrevida menor do que as mulheres
O câncer atinge homens e mulheres praticamente na mesma proporção, mas as chances de cura masculinas são bem menores que as femininas. Enquanto a taxa de sobrevida das mulheres brasileiras à doença é de quase 70%, para os homens esse índice não chega a 50%. A situação se explica pela agressividade dos cânceres que são mais recorrentes nos homens e pelo hábito deles de evitar o médico. “Desde pequenas as meninas são ensinadas a cuidar do outro e a se cuidarem, com o homem é diferente e isso tem reflexos na saúde deles”, comenta o psicólogo Alberto Masaque, professor da Universidade Federal de Minas Gerais que realiza um trabalho de apoio a homens que tiveram câncer.
Além da questão cultural, a falta de programas de saúde voltados para os homens também colabora para esse quadro. “Quando se trata de política de saúde, o homem é deixado de escanteio e isso se reflete nesses números [de cura do câncer]”, diz o oncologista Luiz Antonio Negrão Dias, do Hospital Erasto Gaertner.
Em 2008, o Ministério da Saúde lançou a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem. Mas a avaliação é de que as ações ainda são tímidas. “O ministério não tem uma campanha tão ampla para o câncer de próstata como para o de mama e o acesso ao urologista também é muito mais difícil que ao ginecologista. Enquanto a mulher encontra o ginecologista no posto de saúde, para o homem, conseguir uma consulta com o urologista pelo SUS é um sacrifício muito grande”, critica Masaque.
Prevalência
Entre os cânceres que atingem tanto homens como mulheres, os mais prevalentes entre pessoas do sexo masculino são: pulmão, bexiga, estômago, cavidade oral e esôfago (veja mais no infográfico). Todos eles são silenciosos e altamente agressivos. O câncer de pulmão – que atinge quase três vezes mais os homens do que as mulheres – tem uma taxa de cura de cerca de 30% quando identificado no estágio inicial, o que raramente ocorre. Esse câncer só costuma ser detectado quando já se encontra em um estágio mais avançado e com chances de cura muito baixas.
O câncer de estômago é outra doença silenciosa, agressiva e mais recorrente em homens.Segundo informações do Instituto Nacional do Câncer (Inca), a taxa de incidência é cerca de duas vezes mais alta no sexo masculino do que no feminino. Enquanto para 2012 a previsão era de 13 novos casos para cada 100 mil homens, entre as mulheres esse número caia para sete a cada 100 mil. “Menos de 40% dos pacientes com esse câncer são curados. Na maioria dos casos, a doença volta de um a dois anos após a cirurgia”, diz Negrão Dias.
Fonte: gazeta