Sexta-feira, 29 de novembro de 2013
Última Modificação: 05/11/2018 14:00:06
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Estudantes entram no ensino fundamental e saem do ensino médio sem aprender o que estava previsto em cada etapa
Estudantes do Paraná entram na segunda etapa do ensino fundamental (EF), ou 6º ano, sem ter o conhecimento adequado em Português e Matemática e saem do ensino médio (EM) na mesma situação. No caso da Matemática a realidade é ainda mais preocupante. Estudantes concluintes do ensino médio têm padrão de desempenho abaixo do básico esperado para essa etapa do ensino. Os dados são resultado do Sistema de Avaliação da Educação Básica do Paraná (Saep), promovido pela Secretaria Estadual de Educação (Seed) desde o ano passado.
O resultado não surpreende, uma vez que o Paraná já demonstrou que o ensino fundamental e médio deixam a desejar em outros exames, como a Avaliação Nacional da Educação Básica e a Prova Brasil, aplicadas pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais e usadas no cálculo do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica. A diferença da avaliação paranaense em relação às nacionais vai além da abrangência. O Saep não trabalha por amostragem, e é aplicado anualmente aos alunos matriculados em todas as escolas do estado.
O fato de a avaliação estadual atingir a todos os alunos que entram na rede estadual ao serem matriculados no 6º ano e aplicar novas provas no 9º ano do EF e no 1º e 3º do EM permite que cada escola avalie como o estudante estava quando chegou à escola e o avanço individual que apresentou, além de mostrar como está evoluindo o trabalho do professor. Diferente de outras avaliações, o Saep não divulga os resultados, em uma tentativa de evitar comparação entre instituições.
“Em hipótese alguma queremos um ranqueamento. Nosso objetivo é uma articulação para que os gestores possam se debruçar sobre os resultados da escola onde trabalham. É um processo para ajudar a escola a aprimorar sua metodologia”, diz o vice-governador e secretário da Educação, Flávio Arns. Os dados que devem subsidiar as mudanças na comunidade escolar são enviados diretamente a cada instituição, que tem autonomia para definir seu plano de ação.
O problema do acesso à escola já foi superado, agora a preocupação é o ensino de qualidade, segundo a coordenadora de Avaliação da Seed, Kátya Prust.
Resultados motivam novas ações nas escolas
O Saep não foi exatamente uma novidade no Colégio Marquês de Paranaguá, de Vera Cruz do Oeste. Segundo a diretora Nelma Cardozo de Oliveira, as autoavaliações são comuns por lá. Havia resistência no início, quando a escola começou a ter o pré-conselho, o conselho de classe e o pós-conselho, com professores e instituição sendo avaliados por todos os alunos, mas ela já foi superada. “A persistência é muito importante. Hoje cada professor procura as avaliações e faz reflexão dentro da sua produtividade, focando no avanço e buscando o que pode ser melhorado em cada setor da escola”, diz. Os resultados do Saep podem ajudar a aprofundar essa análise do trabalho de cada professor.
Já a diretora Sueli Aparecida Lopes Braga, do Colégio Estadual Professor Newton Guimarães, de Londrina, acredita que o Saep precisa ser aprimorado para que possa contribuir com as escolas. “Tivemos a impressão de que a avaliação nivelou por baixo os alunos. Seria importante conferirmos todas as questões para realmente podermos ver onde os alunos estão errando”, conta.
Fonte: gazeta