Segunda-feira, 27 de janeiro de 2014
Última Modificação: 05/11/2018 13:56:56
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Contra alta no IOF, turistas passaram a evitar cartão pré-pago, que ficou até quatro centavos mais barato que moeda em papel
A decisão do Governo Federal de elevar o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) de 0,38% para 6,38% nas transações com cartões pré-pagos, cheques de viagem e saques de moeda estrangeira no exterior provocou uma migração na preferência dos turistas, que afetou diretamente a cotação do dólar turismo. A demanda dos viajantes pelo cartão, que diminuiu em dois terços só neste ano, migrou para o dinheiro vivo. Resultado: a diferença entre o valor pago pela moeda em papel e no cartão aumentou.
A principal consequência deste movimento – aumento do “spread” do dólar turismo em relação ao comercial –, já está surtindo efeito no bolso dos viajantes. Mesmo quando o assunto é apenas o dólar turismo, a diferença entre as cotações da moeda em espécie e do pré-pago, que em novembro e dezembro era menor do que R$ 0,01, segundo o Banco Central (BC), agora subiu para até R$ 0,04, de acordo com a Associação Brasileira das Corretoras de Câmbio (Abracam). Em Curitiba, na última sexta-feira, as maiores corretoras ofereciam o dólar no cartão pré-pago a R$ 2,51 e na moeda em espécie entre R$ 2,54 e R$ 2,55. Além da cotação da moeda, o turista deve levar em conta ainda a taxa de conversão cobrada pelos bancos na venda do dinheiro em espécie, que pode variar de 0 a 4%.
Estratégia adotada pelas corretoras, a diferença aumentou para segurar a saída do dinheiro em espécie. “É uma consequência natural do mercado. Foi um movimento muito rápido. Se até o fim de dezembro, 80% dos clientes optavam pelo pré-pago, agora, em janeiro, 80% foram para o dinheiro em espécie. É uma demanda muito grande”, afirma o diretor comercial do Grupo FITTA, Luiz Ramos.
Ele explica ainda que as corretoras costumam cobrar taxas mais baixas para a compra de dólar na modalidade pré-pago, que tem despesas menores de manuseio. No caso da Fitta, a cotação no pré-pago chega a ser dois pontos percentuais menor se comparada ao do dinheiro em espécie. Isso significa que, mesmo com a alta do IOF, o custo final do pré-pago em relação à moeda física pode se situar entre 4% e 5% a mais.
Estabilização
Na opinião dele, a tendência é que mercado se assente. Passando o susto do anúncio, os turistas vão perceber que a diferença de 1% ou 2% entre o dinheiro em espécie e o cartão de débito pode ser aplicada na segurança, analisa Ramos. “O cartão é muito mais seguro e vantajoso do que sair por aí carregando U$ 2 mil dólares em espécie. O cartão é aceito em boa parte dos estabelecimentos comerciais. Em caso de perda, ele é reposto facilmente. O brasileiro vai perceber isso com o tempo”, acredita.
Fonte: gazeta