Já preocupa a equipe econômica a recente elevação nos juros projetados no mercado futuro, o que influencia na definição dos preços cobrados hoje nos empréstimos contratados pelos bancos.
Depois de alta nas taxas de Índia, Turquia e África do Sul -que, com Brasil e Indonésia, foram recentemente apelidados de os "cinco frágeis"-, cresceu a especulação de que o Banco Central brasileiro também aumente a dose de aperto monetário.
O comitê que define a trajetória dos juros no país (Copom) tem reunião prevista para o final deste mês. Até algumas semanas atrás, a expectativa do mercado era que o BC começaria a reduzir o ritmo de alta, passando para elevações de 0,25 ponto percentual após seis altas seguidas de 0,5 ponto. A taxa está atualmente em 10,5% ao ano.
As cúpulas do BC e do Ministério da Fazenda, que vêm acompanhando diariamente a evolução do mercado, detectaram que, aos poucos, cresce a pressão por um ajuste maior na Selic, referência para toda a economia.
Contratos no mercado futuro de juros com vencimento em janeiro de 2015, que projetavam taxa em torno de 10,5% ao ano na virada de 2014, pularam para 11% na segunda quinzena de janeiro e já se aproximam de 12%.
A estimativa do grupo de analistas que mais acertam projeções segundo o boletim Focus (uma consulta oficial do BC aos bancos e consultorias) também aponta taxa de juros maior no final deste ano: 11,75% ao ano, ante 11,5% ao ano há dez dias.
Na semana passada, chamaram a atenção dos técnicos do governo apostas de elevação da taxa em 0,75 ponto neste mês. Interlocutores oficiais saíram a campo para tentar desfazer o cenário antes que ganhasse força.
Em reuniões com analistas e investidores, técnicos da equipe econômica deixaram claro que acham a avaliação prematura. Ressaltaram que o BC brasileiro começou a subir os juros em abril do ano passado, antes dos principais emergentes. E argumentaram que os indicadores deste início de ano deverão mostrar melhora no comportamento da inflação e também nos gastos do governo.
A alta de 0,5 ponto em janeiro, acima do esperado pelo mercado, é justificada internamente no governo como forma de ganhar tempo para avaliar melhor o cenário.
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