Quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014
Última Modificação: 05/11/2018 13:56:00
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As altas temperaturas aumentam o risco de desidratação e insolação, principalmente entre crianças e idosos. Beber muita água é essencial
Termômetros que custam a descer da casa dos 30ºC. Essa tem sido a rotina do paranaense nas últimas semanas. O calor excessivo, somado à baixa umidade do ar, elevam os riscos à saúde das pessoas. As principais vítimas tendem a ser crianças e idosos, que com as altas temperaturas têm procurado com mais frequência atendimentos especializados. Riscos de desidratação e insolação são as principais ameaças à saúde da população.
Em pacientes de mais idade, a desidratação pode provocar tonturas, náuseas, queda de pressão, disfunções renais e até mesmo alguns tipos de arritmias cardíacas. “Os idosos correm um risco maior. Nesses casos é essencial os pacientes procurarem os médicos para que a dose dos medicamentos que controlam a pressão arterial seja readaptada”, afirma o geriatra Carlos Eurico de Macedo. Ele diz ainda que, devido às altas temperaturas, a procura de idoso por atendimento médico “aumentou muito”.
Segundo ele, os idosos precisam estar mais atentos porque boa parte deles não tem o hábito de consumir muita água. “Nesse calor, hidratar-se é fundamental, mesmo que não sinta sede”, ensina. Isso porque o calor pode fazer com que as pessoas percam mais líquidos do que conseguem repor.
Sentir sede, por exemplo, é uma forma que o corpo encontra para alertar que precisa de líquidos, mas nos idosos esse “sistema” geralmente não é tão eficiente. “Os idosos e também as crianças são mais suscetíveis por não estarem com essa capacidade regulatória completamente funcionante, e por muitas vezes não sentirem sede e, consequentemente, não se hidratarem corretamente. Até o momento, é raro no nosso país termos vítimas fatais. Porém, casos de desidratação e insolação são frequentes”, explica a médica Lenise Luz, da Amil Paraná.
Além disso, as crianças, segundo a pediatra do Hospital Pequeno Príncipe de Curitiba Nêuma Kormann, perdem líquido com mais facilidade que os adultos. “Elas têm mais facilidade de se desidratar, por isso os pais precisam ficar atentos para que os filhos tomem bastante água”. Um dos sinais de desidratação é a urina escura e escassa. Com o calor, ela afirma que a procura de crianças por atendimento médico aumentou nos últimos dias.
Ficar exposto ao sol com as altas temperaturas também pode provocar complicações, como tonturas, exaustão por calor, náuseas e, em casos mais graves, convulsões e hipertermia. Uma das orientações é que as crianças não participem de atividades físicas ao sol. “É necessário evitar isso. As atividades físicas devem ser feitas em locais mais arejados e fazer com que as crianças bebam muita água”, afirma.
Calor deve ficar mais intenso e frequente
O aquecimento global e as mudanças climáticas devem continuar provocando calores cada vez mais intensos e frequentes nos próximos anos. A estimativa é do coordenador geral do Observatório do Clima do Brasil e coordenador de estratégias de conservação da Fundação Grupo Boticário, André Ferretti. “A onda de calor está cada vez mais frequente e deve ficar mais intensa nos próximos anos.”
Ele afirma que a tendência é que o mundo viva os próximos anos com condições climáticas extremas. “A gente vê um desequilíbrio. Um calor fora de normal no Sul do Brasil e um inverno rigoroso demais nos Estados Unidos”, diz.
Ferretti lembra que desde a década de 90 o mundo tem procurado discutir as mudanças climáticas, mas até o momento pouco foi feito. Em dezembro, acontecerá a vigésima Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, no Peru. A expectativa é de que seja elaborado um acordo global sobre o clima. “Há essa expectativa. Nos últimos 20 anos só vimos as coisas piorarem.”
Se continuar assim, a tendência é que o mundo viva cada vez mais com dias mais quentes e poucos dias mais frios. “Mas serão frios mais intensos e concentrados. As chuvas tendem a ser cada vez mais concentradas e fortes”, ressalta.
A principal causa para esse fenômeno é, segundo ele, a intensificação do efeito estufa. “Foram anos de desmatamento e de queima de combustível fóssil, por exemplo, que provocaram mudanças no clima”, salienta Ferretti.
Em setembro do ano passado, o aquecimento do clima foi classificado como “inequívoco” pelo relatório do Painel Intergovernamental para Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), divulgado ontem. A conclusão do IPCC, um painel científico mantido pela Organização das Nações Unidas, é de que o aquecimento do clima é irreversível e pode durar séculos.
Fonte: gazeta