Economizar água nos dias mais quentes do ano parece missão impossível, mas com pequenas atitudes é possível reduzir o consumo. Com os dias extremamente quentes do verão, o consumo de água potável naturalmente cresce. Os banhos se multiplicam e bate aquela vontade de lavar calçadas, janelas e o carro. Mas com as chuvas escassas e os níveis dos reservatórios cada vez mais baixos, a necessidade de economizar os recursos hídricos é ainda mais urgente. Usar racionalmente a água quando os termômetros marcam mais de 30°C parece tarefa impossível, mas algumas atitudes simples, do dia a dia, podem fazer toda a diferença.

Mudança de hábito é essencial para economizar água

Comportamentos aparentemente inofensivos, como escovar os dentes ou lavar a louça com a torneira aberta, resultam em um grande desperdício de água. O professor Daniel Costa dos Santos, do Departamento de Hidráulica e Saneamento da UFPR, faz as contas. Uma escovação de três minutos, sem fechar a torneira, consome 18 litros de água. Abrindo apenas na hora de enxaguar, durante um minuto, o consumo cai para seis litros. “Havendo quatro escovações diárias, a economia pode ser de 50 litros.” Mas dá para ir além, garante Celso Thomaz, gerente-geral da Sanepar de Curitiba, região metropolitana e litoral. Com um copo de água é possível fazer a escovação completa dos dentes e ainda lavar a escova. “Ninguém deixaria água mineral escorrendo na pia, mas a água da torneira, porque é barata, as pessoas não valorizam.” Banhos demorados também são vilões. A cada 30 minutos de chuveiro ligado, 180 litros de água são consumidos. “O ideal, nesse calor, é fechar a torneira enquanto passa o sabonete”, ensina Maria do Socorro Gonçalves, gerente do Programa Aguapura, da Universidade Federal da Bahia. Já as roupas devem ser lavadas todas de uma vez para aproveitar a capacidade da máquina. Outra prática condenável é “varrer” a calçada com água da mangueira. O ideal é retirar toda a poeira com uma vassoura. Se ainda assim precisar lavar, use um balde com água.

Software

Um software gratuito, desenvolvido pelo Programa Aguapura, da Universidade Federal da Bahia, permite monitorar o consumo de água por meio da inserção dos números do hidrômetro. Basta acessarhttp://teclim.ufba.br/aguapura e fazer o cadastro em “Como participar”. “A pessoa cadastra os números e vai gerando um gráfico, que diz como está o consumo. Se der muito diferente, pode ser sinal de vazamento, torneira aberta”, detalha a gerente do projeto, Maria Gonçalves.

Regulagem

Algumas válvulas hidras e caixas acopladas de vasos sanitários consomem muito mais água do que o necessário para uma descarga. Para quem não quer trocar por alternativas mais econômicas, uma opção é modificar a regulagem do dispositivo. “Enquanto o volume necessário é de três a seis litros, algumas descargas antigas consomem mais de dez por descarga”, explica Celso Thomaz. Uma maneira caseira de regular a descarga, segundo a gerente do Programa Aguapura, Maria do Socorro, é colocar uma garrafa plástica de dois litros, cheia de água, dentro da caixa acoplada, ou baixar o nível da boia. Já as torneiras podem receber um redutor de vazão. “É uma tampinha semelhante àquelas de spray, que aumenta a pressão, mas diminui a vazão de água”.

Reuso

A água que sobra do tanque ou da máquina de lavar pode ser usada para fins não potáveis, como lavar pisos e carros. O professor da UFPR, Daniel dos Santos, alerta que, para evitar contaminações por poluentes ou microrganismos, é importante usar calçados fechados e luvas. Outra alternativa é a água de chuva. “O cuidado maior é não deixá-la estocada por muito tempo em reservatórios, principalmente no verão”, orienta.

Torneira pingando pode gastar 50 litros por dia

Parece bobagem, mas aquela torneira que pinga insistentemente, a válvula da descarga que deixa um fiozinho de água vazando ou tubulações com defeito podem resultar numa diferença gritante no final do mês. “É indesculpável ter vazamento. Muitas vezes, em condomínios, quando a conta é compartilhada, as pessoas tendem a não se importar, mas a diferença é brutal. E tem o efeito negativo para a sociedade”, afirma Celso Thomaz, da Sanepar. Segundo o professor Daniel Costa dos Santos, da UFPR, uma torneira gotejando pode gastar quase 50 litros por dia. “Considerando que uma pessoa pode consumir, em média, 200 litros por dia, esse gotejamento representa 25% do consumo”, calcula. Para evitar desperdício, vazamentos visíveis precisam ser consertados com urgência. Santos orienta inspeções frequentes em caixas d’água e atenção a manchas nas paredes, que podem indicar vazamento em tubulações embutidas. Já problemas no vaso sanitário podem ser detectados por meio de um teste simples. “É só remover, de forma segura e higiênica, a água da cuba do vaso sanitário, aguardar alguns minutos e observar se estará cheia novamente. Isso ocorrendo, significa a existência de vazamento ou na caixa acoplada ou na válvula de descarga”, ensina.