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Ganho com terra perde s? para d?lar

Segunda-feira, 10 de março de 2014

Última Modificação: 05/11/2018 13:55:44


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Rendimento de áreas agrícolas superou as principais aplicações financeiras em 2013. Depois de forte alta, tendência é de estabilidade

Quando se avalia o desempenho médio das terras em dez anos até 2012 e em 2013, constata-se que houve no ano passado uma aceleração no ritmo de alta dos preços. Entre 2002 e 2012, os preços tinham subido 12,6%, em média, por ano, aponta a pesquisa da consultoria Informa Economics /FNP. Mas só no ano passado, a valorização foi de 14,9%. A cada dois meses, a consultoria coleta preços de terras com corretores e engenheiros agrônomos em 133 regiões do país. As cotações se referem a preços pedidos ou negócios fechados para o mesmo tipo de terra avaliada.

A consultoria destaca que a aceleração no ritmo de elevação de preços ocorreu no ano passado apesar do arrefecimento na alta das cotações das principais commodities agrícolas produzidas pelo país. “Tínhamos dúvidas se o ritmo de valorização da terra iria se manter. Mas, em 2013, a alta foi ainda maior do que a média de anos anteriores”, afirma o diretor da consultoria e responsável pela pesquisa, José Vicente Ferraz.

A médio e longo prazo, ele acredita que os preços das terras agrícolas brasileiras vão continuar subindo acima da inflação, porém num ritmo menor do que dos últimos anos. “Isso não quer dizer que o preço vá cair: vai aumentar mais devagar, porém acima da inflação.”

Ferraz justifica a previsão de que o ritmo de alta será menor nos próximos anos usando o argumento de que não é possível manter uma taxa de valorização tão forte por muito tempo, caso contrário os preços se tornam tão elevados que não existiriam lavouras com retorno compatível com o valor da terra.

Comida

No entanto, Ferraz ressalta que a valorização da terra deve continuar superando a inflação. Um fator que sustenta esse prognóstico é que a oferta de terras com potencial agrícola é limitada. O outro fator é a demanda crescente por alimentos, especialmente por proteínas da parte da Ásia e da África. “Projeções de organismos internacionais indicam dificuldades para atender à demanda crescente por alimentos. Preços mais altos de alimentos elevam as margens de lucro dos agricultores e a terra, que é um fator de produção, terá o seu preço elevado também”, diz Ferraz.

Novo eixo exportador valoriza terras

As terras agrícolas do Norte e do Centro-Oeste foram as que mais se valorizaram no último ano, influenciadas pela perspectiva de melhoria da infraestrutura, que deve tornar viável, a médio prazo, a exportação de grãos pela região Norte do país.

Pesquisa sobre o mercado de terras da consultoria Informa Economics/FNP, obtida com exclusividade pelo jornal O Estado de S. Paulo, mostra que o preço do hectare subiu quase 25% no Norte entre janeiro e dezembro de 2013. Nas terras do Centro-Oeste, a alta beirou 18%. Em ambas as regiões os aumentos superaram a valorização média das terras no Brasil, de 15% no período.

“O Centro-Oeste e o Norte estão se estruturando para abandonar a tragédia logística que é colocar a safra para rodar em caminhão por mais de 2 mil quilômetros e embarcar os grãos pelos portos de Santos (SP) e Paranaguá (PR)”, diz o diretor da consultoria e responsável pela pesquisa, José Vicente Ferraz.

Ele explica que essa perspectiva de melhoria na logística é que está puxando para cima os preços das terras cortadas pela BR-163 A rodovia liga o Sul, o Centro-Oeste e o Norte do país, e vai até Santarém, no Pará. As terras agrícolas de Santarém, por exemplo, registraram valorização de 51% no ano passado, uma das maiores altas entre os 133 regiões pesquisadas. Lá o preço do hectare saltou de R$ 2.576 em janeiro para R$ 3.900 em dezembro de 2013.

“As terras de Santarém são aptas à agricultura, mas não estavam sendo exploradas pela falta de infraestrutura”, afirma Edeon Vaz Ferreira, diretor executivo do Movimento Pró-Logística, que reúne dez associações do estado do Mato Grosso e é capitaneado pela Aprosoja, que congrega produtores.

Do Mato Grosso, o maior estado produtor de soja, até o distrito de Miritituba, no Pará, há 182 quilômetros de rodovia sem pavimentação. As obras de pavimentação devem ser concluídas até o ano que vem, prevê Ferreira.

Em Miritituba, conta ele, não existia nada. Agora há terminais de transbordo, que permitem embarcar a carga em barcaças pelo Rio Tapajós até o Porto de Santarém. De lá os grãos seguem pelo Rio Amazonas até o Porto de Vila do Conde e são transportados em navios para o exterior, via Canal do Panamá. Nas contas de Ferreira, o escoamento da safra pelo Norte do país pode reduzir em 34% o custo de transporte, comparado com o trajeto rodoviário feito até Santos ou Paranaguá.

Fonte: gazeta

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