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Cuidado com os suplementos alimentares

Quinta-feira, 15 de maio de 2014

Última Modificação: 05/11/2018 13:51:35


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Indicados para treinos específicos, uso indevido de proteínas, aminoácidos e carboidratos pode atrapalhar função de órgãos e engordar

O tanque de combustível do carro está pela metade. Você apenas completa ou prefere que a gasolina extrapole, para garantir que não irá faltar? Os suplementos nutricionais, comuns em academias e entre atletas profissionais, funcionam da mesma forma. E se ingeridos sem necessidade, as proteínas, aminoácidos e carboidratos podem atrapalhar a função dos rins, fígado e coração, além de transformar o excesso em gordura, contrariando os resultados esperados por muitos dos que recorrem à suplementação.

Para a maioria das pessoas que fazem academia, o organismo de quem se alimenta corretamente e faz exercícios leves a moderados se ajusta às mudanças: caso o corpo necessite de mais nutrientes, isso se reflete em um aumento da fome. “Uma pessoa que come normalmente e gasta energia com um pouco de atividade física não cria nenhum tipo de alteração metabólica ou deficiência nutricional que precise de uma suplementação”, explica o médico nutrólogo, mestre em nutrição pela Univer­sidade Federal de São Paulo e diretor da Funzionali, clínica especializada em distúrbios alimentares, Andrea Bottoni.

Mesmo quando a pessoa apresenta uma deficiência, a primeira medida de nutrólogos e nutricionistas é procurar corrigi-la pela própria alimentação. “Em casos de se buscar objetivos específicos, a suplementação pode ajudar, como pessoas que desejam aumentar a força muscular, mas com horários e consumo adequados”, explica o professor e pesquisador em efeitos fisiológicos e nutrição associada ao exercício da Universidade Federal de Grande Dourados, Pablo Christiano Lollo.

A ingestão de suplementos, quando desnecessária, traz principalmente prejuízo financeiro (umsuplemento de proteína, muito utilizado em academias, custa a partir de R$ 60/90 cápsulas). Em doses altas, pode comprometer a absorção de outros nutrientes, como no caso da proteína, que em excesso afeta o funcionamento dos rins e reduz a absorção de cálcio pelo organismo. Uma pessoa sedentária precisa de 1g de proteína por kg de peso, por dia. Se fizer atividade física regular, a necessidade chega a 1,4g ou até 1,6g de proteína, não ultrapassando 2g, segundo a sub-coordenadora de atendimento ambulatorial nutricional de atletas no Centro de Trei­namento Esportivo da Uni­versidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Janaina Goston. “No contexto dos suplementos, o exagero é comum porque o acesso à substância torna-se fácil, sem precisar de receita para a compra do produto”, diz.

Não se engane

Não existe na legislação brasileira a categoria de suplementos alimentares, de acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Os suplementos alimentares ou dietéticos, como são conhecidos internacionalmente, devem se enquadrar nas categorias de novos alimentos; alimentos, substâncias bioativas isoladas ou probióticos com alegação de propriedade funcional e ou de saúde; alimentos para atletas; suplementos vitamínicos e ou minerais. Não há uma lista de substâncias permitidas ou proibidas, mas a Resolução RDC n.º 18/10 indica que os alimentos para atletas não podem conter substâncias estimulantes, hormônios e as consideradas “doping” pela Agência Mundial Antidoping (Wada).

O único suplemento que é contraindicado, em qualquer idade ou objetivo, é o termogênico. Segundo o diretor da Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte (SBME), regional do Paraná, Marcelo Bichels Leitão, para que o suplemento termogênico resulte em grande consumo energético, acelerando o metabolismo e reduzindo o peso, a dose deveria ser tão alta que passaria a ser tóxica. “Eles ainda podem fazer com que a pessoa com predisposição a problemas cardíacos manifestem a doença pela ingestão elevada. A cafeína é um exemplo. Você usa um suplemento em pílulas que equivale a cinco, seis xícaras de café. Tomar cinco, seis xícaras ao longo do dia é uma coisa, mas de uma vez só a concentração é muito elevada e os efeitos colaterais podem aparecer”, explica o diretor especialista em medicina do exercício e esporte pela SBME.

No caso das proteínas e carboidratos, se bem controlados, o efeito colateral pode ser reduzido ou evitado. “A pessoa deve se questionar se deseja o mesmo efeito de uma alimentação balanceada, só que pagando mais caro, pois é isso o que acontece quando você suplementa. Fora as situações que ainda não passaram por estudos científicos”, diz Leitão.

Cobaias

“Crianças e adolescentes que utilizam suplementos estão servindo de cobaias”, diz o diretor da Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte, Marcelo Leitão. Isso porque ainda não se sabe os efeitos dessa ingestão, nem para o lado negativo, nem para o positivo. “Na fase da adolescência, em que o indivíduo goza de franco desenvolvimento, crescendo hormonalmente, a musculatura ganha força, e o adolescente melhora seu desempenho de qualquer jeito. Não será um suplemento que o fará ser um bom atleta ou um atleta mediano”, afirma.

Fonte: gazeta

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