Quinta-feira, 22 de maio de 2014
Última Modificação: 05/11/2018 13:50:30
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Entre os destaques da 53ª edição do evento, espaços aconchegantes, predominância do cinza e texturas naturais
Os primeiros dias de abril são aguardados pelo mundo do design com ansiedade. O período é reservado para o Salão Internacional do Móvel de Milão, que há mais de cinco décadas movimenta a cidade italiana e a indústria moveleira de todo o mundo. Estima-se que a semana tenha movimentado este ano, ao menos, 50 milhões de euros em toda a cadeia de produção moveleira.
Quem andou pelos pavilhões da mostra, e também por todos os eventos paralelos que acontecem na cidade, pôde constatar que a cada ano é mais difícil cravar uma única tendência – são várias, e é preciso estar atento a todas para formar um perfil do evento –, destacar formas inéditas ou cores da moda. Os móveis feitos mais para exibição, com formas superinusitadas, dão lugar a estofados e mobiliário com perfil para ser usado da forma mais confortável possível.
Esta foi a percepção da reportagem da Viver Bem Casa & Decoração que passou quatro dias garimpando as principais novidades e conversando com profissionais paranaenses que visitaram a feira. “Estar em Milão é se deparar com móveis harmônicos e agradáveis aos sentidos. A simplicidade nas linhas e a quase ausência de ornamentos, foram marcas bem importantes este ano”, opina a arquiteta Cris Daros.
O salão mostrou que há uma inclinação para tornar os ambientes mais quentes e aconchegantes, e as texturas escolhidas para conquistar isso foram os diversos tipos de madeira e os tecidos naturais (linho e algodão são destaques). “Além disso, muitas marcas apostaram na reciclagem e em peças produzidas com quantidade reduzida de materiais”, aponta o professor do curso de Design de Interiores do Centro Europeu, Alexi. É a sustentabilidade saindo do discurso e entrando na prática dos fabricantes.
Quando se pensa em móveis é impossível não fazer associação com a madeira e, no que depender dos lançamentos do Salão de Milão, o tradicional material continuará dando vida e aquecendo a decoração nas mais variadas cores e acabamentos, inclusive misturado no mesmo móvel. “Percebe-se a revitalização dos processos de fabricação, mas revisitando formatos tradicionais, como os pés mais arredondados”, aponta Djoni Alexi. Destaque para os móveis com inspiração no design escandinavo, que tem por principal característica a funcionalidade e simplicidade das formas.
Cinza & cia
Tons neutros, assim como as linhas simples, reinaram em móveis e estofados. Mas esqueça o bege ou branco, a neutralidade em Milão é cinza. Boa parte dos lançamentos de sofás e poltronas teve esse tom nos tecidos. E mesmo as estantes ou mesas de apoio receberam revestimentos com essa paleta. “A composição confortável dos espaços é um ensinamento do salão. Vemos a intenção de transformar os ambientes em espaços cada vez mais confortáveis, tendo tecidos com toque natural”, aponta o arquiteto Léo Pletz. Para os quartos, cabeceiras altas, estofadas e neutras, além de closets com mistura de materiais como vidro, madeira e tecido.
Nas últimas edições, as cores muito fortes e acesas eram constantes nos lançamentos, porém este ano os tons estão mais fechados. “Mesmo quando há estampas ou peças coloridas, notei a preferências pelos candy colors, com especial atenção para o azul”, diz a arquiteta Cris Daros. Na outra ponta, a tendência das peças metalizadas e cromadas segue com força e aparece, principalmente, nos objetos e complementos. A poderosa Kartell, por exemplo, apresentou peças icônicas de seu acervo em versões brilhantes.
Mestres
Todos os anos, há a expectativa de ser surpreendido por uma peça emblemática, assinada por um grande nome do design, como Philippe Starck, Patricia Urquiola, Tom Dixon ou os irmãos Campana. De fato, eles são fonte inesgotável de criatividade e inovam não só nas formas, mas na execução e funcionalidade das peças. “O que se viu esse ano, foram os clássicos reinterpretados em novos tecidos, cores e acabamentos. A qualidade dessas peças justifica qualquer reedição”, opina o arquiteto Léo Pletz.
A cada dois anos o Salão de Milão abre espaço para as tendências de peças para os banheiros. Esta foi a 5.ª edição do Salão Internacional do Banho e a impressão geral é de que esta importante área molhada da casa está se consolidando como um retiro privado, onde o bem-estar e o relaxamento são privilegiados. Daí a grande presença de banheiras cada vez mais confortáveis e de tecnologias que visam promover quase uma terapia durante o banho, com iluminação com técnicas de cromoterapia.
No quesito design de mobiliário, o destaque é para as peças com linhas simples, a presença da madeira e produtos com superfícies tecnológicas, como Silestone. “As cubas de piso estão ganhando bastante destaque e os lavatórios e bacias, ao contrário, estão deixando de ser fixadas no piso, dando mais leveza aos projetos”, aponta o arquiteto Léo Pletz. Algumas marcas de cerâmica e revestimentos expuseram na mostra, apresentando produtos com superfícies cintilantes e texturizadas.
Fonte: gazeta