Quinta-feira, 12 de junho de 2014
Última Modificação: 05/11/2018 13:49:44
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Construtoras aguardam com ansiedade lançamento da nova etapa do programa federal. Investimentos devem chegar a R$ 130 bilhões
A segunda fase do Minha Casa, Minha Vida ainda nem foi concluída, mas o setor de construção civil já aguarda com ansiedade o lançamento oficial da terceira etapa do programa, previsto para este mês. São esperadas entre 3 e 4 milhões de novas unidades habitacionais em todo o Brasil. Será a maior meta do programa, que desde o seu início, em 2009, soma 3,4 milhões de unidades contratadas – sendo 1,6 milhão entregues até agora. O investimento na terceira etapa deve chegar a R$ 130 bilhões.
A presidente Dilma Rousseff chegou a confirmar o dia 29 de maio como data de lançamento do MCMV, mas o governo recuou. Para representantes do setor, o adiamento tem razões políticas. O plano que seria apresentado previa menos moradias do que o projeto anunciado pelo pré-candidato à presidência pelo PSB, Eduardo Campos. O governo estaria agora tentando turbinar a proposta inicial, que previa 3 milhões de unidades. “Imaginamos, no mínimo, quatro milhões de unidades”, diz o vice-presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon) no Paraná, Waldemar Troppa Júnior.
Para Mounir Chaowiche, presidente da Companhia de Habitação Popular do Paraná (Cohapar), o governo deve concentrar os esforços da terceira etapa na faixa 1 do MCMV, que atende famílias com renda menor. As condições, o número exato de residências e os volumes de recursos ainda estão sendo debatidos pelo governo. A presidente sinalizou que pretende incluir os sem-teto no programa.
Expectativa
Na linha de frente do Minha Casa Minha Vida, as construtoras esperam que a terceira etapa contemple uma revisão dos valores de aquisição das unidades – no Paraná, os limites são de R$ 100 mil para a faixa 2 e R$ 170 mil para a faixa 3. A principal reclamação é a escalada no preço dos terrenos, sobretudo nas capitais. “Esperamos um reajuste de 10% a 12%, que acompanhe a evolução do mercado. Em 2009, em Ponta Grossa, pagamos R$ 3,2 milhões em um terreno para 464 unidades. Hoje negociamos uma área próxima, com a mesma metragem, por R$ 8 milhões”, explica Victor Mendes, da FMM Engenharia, que tem 95% dos empreendimentos habilitados no MCMV. “O anúncio da terceira fase é importante para que possamos nos planejar”, afirma Newton Borges dos Reis, diretor da Construtora Conceito e Moradia, focada em empreendimentos da faixa 3.
Altamente subsidiada pelo poder público, a faixa 1 é o maior gargalo do programa. Segundo as construtoras, a defasagem dos preços (no Paraná, o teto é de R$ 64 mil) desestimula novas contratações, queixa que encontra ressonância nas companhias de habitação. “Um valor justo para essa faixa seria R$ 95 mil para pagar terreno, infraestrutura e a construção”, diz o diretor-presidente da Cohab, Ubiraci Rodrigues.
Cohab defende renda e preços maiores para a faixa 1 do MCMV
O governo, por meio do Ministério das Cidades, está reunindo contribuições do setor para a terceira fase do programa. A Companhia de Habitação Popular de Curitiba (Cohab) e a Companhia de habitação do Paraná (Cohapar) apresentaram suas propostas durante reunião que aconteceu semana passada, no ministério, com 22 entidades ligadas à habitação em 16 estados. “Precisamos avançar na melhoria da política de habitação. Para isso, é preciso atualizar os valores de renda para a faixa 1 e o preço das unidades, que hoje estão defasados”, afirma Mounir Chaowiche, presidente da Cohapar.
A viabilização do programa em municípios com menos de 50 mil habitantes e aspectos ligados à urbanização, como a retirada de famílias de áreas de risco, fizeram parte das propostas levadas ao ministério. Em Curitiba, a fila da Cohab tem 84 mil famílias à espera de uma residência. Destas, 42 mil se enquadram na faixa 1 do Minha Casa, Minha Vida.
Terrenos caros pressionam o custo das obras
Com o aumento do custo dos terrenos nas capitais, o empreendimentos da faixa 1 do Minha Casa Minha Vida migram para cada vez mais longe dos centros urbanos e em áreas sem nenhuma infraestrutura básica. Prestes a serem entregues, os residenciais Aroeira e Imbuia, da FMM Engenharia, no bairro Santa Cândida, em Curitiba, somam mil unidades para famílias que ganham até R$ 1.600 por mês.
Até agora a prefeitura de Curitiba investiu R$ 9,5 milhões em infraestrutura nas proximidades dos residenciais. “Para colocar essas famílias lá, precisamos criar toda uma infraestrutura com escola, posto de saúde, creche, escola estadual e linhas de ônibus”, detalha o diretor-presidente da Cohab, Ubiraci Rodrigues.
Segundo ele, a concentração das unidades acaba gerando a necessidade de levar serviços para essas regiões. “Uma saída seria construir em vazios urbanos, aproveitando a infraestrutura já existente”, diz. O governo federal aportou R$ 64 milhões nos dois residenciais.
Fonte: gazeta