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Frango em fartura e mais barato

Terça-feira, 08 de julho de 2014

Última Modificação: 05/11/2018 13:46:31


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Cenário de oferta acima da demanda se assemelha com o que precedeu a crise da avicultura de 2012, mas setor produtivo aposta em expansão do mercado e confirma fase de investimentos

O Paraná abateu 40 milhões de cabeças de frango a mais entre janeiro e maio deste ano em relação a 2013 e a sobreoferta pressiona os preços do quilo da carne branca no atacado. Houve redução de 8% no estado desde janeiro, de acordo com a Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (Seab).

O descompasso de mercado lembra os meses anteriores à crise que afetou a avicultura em 2012, mas a indústria se mostra confiante. Anuncia investimentos para ampliar a produção e aposta na força das exportações para recuperar o fôlego neste segundo semestre.

No entanto, o cenário de frango mais barato também se repete no mercado internacional. A avicultura paranaense embarcou 58 mil toneladas a mais do produto nos seis primeiros meses do ano do que em 2013 e faturou US$ 26 milhões a menos, de acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex).

“Foi um primeiro semestre atípico. As exportações cresceram menos que o esperado e o consumo interno estacionou, mesmo com a Copa do Mundo”, afirma o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Francisco Turra. Ele descarta a possibilidade de crise. “O produtor está mais informado e acompanha as oscilações. Não seremos surpreendidos”, garante.

O presidente do Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Paraná (Sindiavi­par), Domingos Martins, também minimiza as semelhanças com o ano do “custo recorde”. “Mesmo que tenha faturado menos em relação ao início do ano, crise o nosso setor não vive”, enfatiza.

Um diferencial decisivo é a cotação do milho. Em 2012, a saca de 60 quilos do cereal, base da ração dos animais, ultrapassou R$ 26 no Paraná, o que inviabilizava a produção. Neste ano, com farta produção no Brasil e perspectiva de safra recorde nos Estados Unidos, os preços começaram a cair e a mesma quantidade do produto já pode ser comprada por menos de R$ 20 no mercado paranaense.

Peso preocupa

Para o Sindiavipar, o peso das aves preocupa mais do que o aumento do número de abates registrado neste ano. No primeiro trimestre, de acordo com levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os frangos ficaram 11,75% mais pesados em relação a 2013.

Em maio, o sindicato chegou a recomendar que os produtores antecipassem o abate das aves, diminuindo o ciclo em um dia. A medida resultaria em uma carcaça 100 gramas mais leve, mas a proposta ainda não pegou. “Deverá ser feito a partir de agosto”, pondera Martins.

Indústria cresce com foco nas exportações

A confiança da indústria no crescimento da demanda sustenta investimentos na cadeia de exportação. Com quatro unidades instaladas no estado, a GTFoods confirma ampliação do abate de 480 mil para 760 mil cabeças ao dia até 2017. E 60% do volume extra serão destinados ao exterior, aponta o diretor industrial do grupo, Ciliomar Tortola.

A maior oferta de milho favorece os frigoríficos, avalia o presidente da Copacol, Valter Pitol. Na última quinta-feira, a cooperativa inaugurou um incubatório de pintainhos, que garantirá a autossuficiência de matrizes e faz parte do projeto que expande a 700 mil o abate diário de frangos até 2017. No segundo semestre deste ano, as exportações devem crescer 20%, projeta Pitol.

Aposta coletiva: Produtor faz aviário novo, mas teme mercado

O momento estacionário do consumo interno não tem desestimulado os avicultores, influenciados pela indústria. Adelir João Dalmagro, cooperado da Copacol, em Cafelândia (Oeste), fez novo aviário de quase R$ 500 mil. “Por enquanto os preços estão bons. Mas a crise sempre vem depois de um ano assim”, cogita Dalmagro. Ele também planta soja e milho, para não depender de uma única atividade. “Não dá para viver só de lavoura ou de frango.”

O produtor Wagner Piqueti, integrado da GTFoods, em Doutor Camargo, também investiu na ampliação da capacidade de alojamento. Foram gastos R$ 450 mil na construção de um novo aviário e na terraplanagem de outra área para erguer mais um barracão. Em sua avaliação, “a remuneração está boa”.


 

Fonte: gazeta

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