Segunda-feira, 14 de julho de 2014
Última Modificação: 05/11/2018 13:45:47
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Estudo realizado pela Universidade Estadual de Londrina mostra que quase 30% das crianças de 5 e 6 anos apresentam sinais precoces de escoliose
Problemas na coluna estão longe de acometer apenas adultos. Pesquisa desenvolvida pelo Departamento de Fisioterapia da Universidade Estadual de Londrina (UEL) identificou alterações posturais em crianças ainda na idade pré-escolar. O estudo submeteu 377 crianças de 5 e 6 anos ao teste de Adams, exame que ajuda a rastrear desvios na coluna vertebral. Resultado: 26% dos alunos apresentaram sinais precoces de escoliose, uma das alterações mais sérias da estrutura corporal.
Uma das pesquisadoras, a professora Celita Salmaso Trelha, explica que apesar da angulação pequena, o desvio lateral exige atenção. Se não tratada, a escoliose pode gerar deformidades na coluna da criança, além de problemas respiratórios e estéticos. “O prejuízo pode atingir também o rendimento em atividades esportivas e de lazer”, comenta.
Chamar atenção dos pequenos para uma postura correta, emenda Celita, precisa ocorrer não só na escola, mas em casa também. O ideal é que atividades físicas ajudem a criança a deixar o sedentarismo. “Mesmo corrigindo as crianças em sala de aula, elas ainda ficam em casa assistindo à televisão, jogando videogame, sentadas por horas no sofá.” A pesquisadora enfatiza que os pais têm papel fundamental no incentivo de novos hábitos. “Eles precisam aproveitar para tirar os filhos do computador”, diz.
Riscos
Na escola, mobiliário inadequado e mochilas pesadas são fatores que contribuem para alterações posturais. Entre os pré-escolares, o volume não deve passar de 5% do peso da criança. Os demais estudantes podem carregar mochilas com até 10% do seu peso corporal, orienta o estudo. O ideal é que a carga seja distribuída entre os dois ombros e nunca apoiada apenas em um dos lados do corpo. Bolsas com rodinhas podem ajudar a evitar sobrecarga, desde que o peso não ultrapasse o que a criança poderá suportar.
Após a intervenção dos pesquisadores, houve a mudança na carga das mochilas. O peso médio passou de 2,1 kg para 1,8 kg, com a retirada de objetos desnecessários. Alguns pais preferiram trocar o modelo das bolsas.
Mobiliário
As cadeiras e carteiras costumam ser utilizadas por diversas séries, sem adaptações para alunos que apresentam diferentes alturas, outro fator de risco para a educação postural. “O adolescente de 1,80 m usa o mesmo mobiliário da criança de 1,20 m. Assim, podem surgir dificuldades de ficar numa postura correta”, pontua o professor de Educação Física André Luiz Rodacki, da Universidade Federal do Paraná, ao lembrar a necessidade de oferecer mais conforto aos estudantes.
Rodacki salienta que mais do que uma mochila muito cheia ou uma cadeira inadequada, manter uma postura errada por longos períodos pode ser ainda mais grave para a coluna. Isso vale para o sentar-se em posição desleixada por muito tempo. Mesmo as mochilas, pontua ele, precisam ser carregadas por longas distâncias para terem impacto negativo na região lombar. “Há vários gestos que são repetidos, tornando-se um hábito no dia a dia. Se a estrutura que é mole se consolidar nesta posição errada, teremos um adulto ou jovem com problemas”, destaca.
Fonte: gazeta