Quinta-feira, 28 de agosto de 2014
Última Modificação: 05/11/2018 13:42:12
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Depois de repassar ao consumidor só parte do reajuste a que tinha direito, empresa vai investir R$ 600 milhões a menos que o programado no início do ano
Um corte de R$ 600 milhões nos investimentos foi a solução encontrada pela Copel para manter o equilíbrio de caixa e o nível de dividendos pagos aos acionistas neste ano, depois que repassou ao consumidor apenas parte do reajuste tarifário a que tinha direito. A empresa, que pretendia investir R$ 2,62 bilhões em 2014, agora vislumbra um desembolso em torno de R$ 2 bilhões, valor próximo ao investido nos últimos dois anos.
O anúncio foi feito por executivos da companhia, em teleconferência com analistas de mercado e encontros com investidores nas últimas duas semanas. Contatada pela Gazeta do Povo, a Copel não se manifestou sobre o assunto. Não é possível saber, portanto, que áreas serão mais afetadas pelo que o diretor financeiro da companhia, Antônio Guetter, chamou de “reavaliação de cronogramas de investimentos”.
Ao cobrar tarifas menores que as autorizadas pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a estatal abriu mão de quase R$ 900 milhões em dois anos – recebeu R$ 276 milhões a menos no ciclo tarifário 2013-2014 e deixará de arrecadar outros R$ 622 milhões entre 2014 e 2015. O montante “represado” equivale a 15% da receita líquida da empresa no primeiro semestre deste ano (R$ 6,2 bilhões) e supera o lucro líquido do período (R$ 831 milhões).
O valor não cobrado poderá ser recuperado, com correção monetária, a partir do próximo reajuste anual, em junho do ano que vem. Até lá, a empresa terá de se virar para dar conta dos compromissos. Joga a seu favor o bom desempenho da área de geração, que contabiliza lucros recordes com a venda de energia no curto prazo, cobrindo com folga os prejuízos da divisão de distribuição.
Se por um lado vai investir menos, é certo que a Copel vai manter o patamar dos dividendos pagos aos acionistas, conforme Guetter assegurou a analistas de mercado. Durante o governo de Roberto Requião, a empresa distribuía 25% do lucro líquido ajustado, o mínimo exigido por lei. O porcentual subiu a 35% logo no início da gestão de Beto Richa e, no fim do ano passado, chegou a 50%.
A nova política de dividendos agradou ao mercado e ajudou a diluir a contrariedade dos investidores com os reajustes tarifários parciais, prática comum no governo anterior e que voltou a ser adotada nos últimos dois anos. Os bons resultados do primeiro semestre e a garantia de que os dividendos serão mantidos levou as ações preferenciais da Copel para perto de R$ 40, onde elas estavam antes do pacote de renovação de concessões anunciado em setembro de 2012, que derrubou as cotações das principais companhias do setor elétrico.
Obras de hidrelétricas estão atrasadas
As duas principais obras de geração da Copel, as hidrelétricas de Colíder, em Mato Grosso, e Baixo Iguaçu, no Sudoeste do Paraná, devem começar a funcionar depois do previsto.
A primeira turbina da usina mato-grossense deveria entrar em operação em janeiro de 2015, mas vai atrasar pelo menos seis meses. A central terá potência de 300 megawatts (MW), com “energia assegurada” de 180 MW – é esta quantidade que a Copel terá de entregar ao sistema elétrico de outra forma a partir de janeiro.
A estatal tem energia disponível para cobrir a diferença, mas pretende pedir à Aneel exclusão de responsabilidade pelo atraso, que teria ocorrido por uma série de fatores que fugiram a seu controle, entre eles a hidrologia da região, que impede algumas obras na época das chuvas. Além disso, um incêndio provocado por trabalhadores destruiu os alojamentos no início de 2013, interrompendo as obras por semanas. De janeiro a junho, a Copel investiu R$ 144 milhões em Colíder, 35% do programado para 2014.
Em Baixo Iguaçu, a Copel é minoritária, com 30% de um consórcio com a Neoenergia. Dois problemas devem impedir a inauguração no início de 2016: a destruição do canteiro de obras pela cheia do Rio Iguaçu, em junho, e uma decisão judicial que mantém suspensa a construção. Baixo Iguaçu terá potência de 350 MW e energia assegurada de 173 MW. A Copel pretendia investir R$ 316 milhões na usina neste ano, mas, no primeiro semestre, desembolsou apenas R$ 700 mil.
Fonte: gazeta