Terça-feira, 09 de setembro de 2014
Última Modificação: 05/11/2018 13:40:40
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Previsões oficiais divulgadas na última semana mostram que oleaginosa ganhou, em dois anos, área equivalente à da safra paranaense de milho de verão
Paraná e Rio Grande do Sul fazem a mesma leitura do mercado. Mesmo com queda de 12% nos preços ao produtor em um ano, a soja merece área maior. Os dois estados vão dar 283 mil hectares extras à oleaginosa no próximo verão, mostram as previsões divulgadas na última semana. A estratégia inclui a redução na área do milho – que registra cotações comparadas às de setembro de 2013, mas volta a bater de frente com a produção americana.
Só nas últimas duas safras, a soja ganhou 638 mil hectares em terras gaúchas e paranaenses. É mais do que a extensão que o Paraná pretende dedicar ao cereal no plantio que está começando.
A soja abocanha uma parcela cada vez maior (86%) da área de grãos do Paraná, que somará 5,85 milhões de hectares no verão, aponta o Departamento de Economia Rural (Deral). A oleaginosa cresce 3% e a área total das lavouras 0,3% em 2014/15. O Sul do estado é a região onde há maior incremento, apontam os técnicos do Deral.
Para repassar espaço à oleaginosa, o estado está fazendo novo corte no milho, que cai a sua menor área (572,65 mil hectares, -14%), considerando os registros acumulados desde a década de 1970. Esse é o mesmo índice de recuo do feijão, que está com preços até 50% abaixo dos custos e tende a ter uma safra das águas limitada a 204 mil hectares.
Considerando as tendências do mercado, “a soja ainda é o produto mais atraente em comparação com as duas outras maiores culturas de verão, o milho e o feijão”, aponta o economista Marcelo Garrido no levantamento sobre a safra de verão paranaense.
Com lavouras 19% menores, o Paraná prevê colheita de verão de 22,59 milhões de toneladas, 18% abaixo da expectativa gaúcha. A colheita paranaense é 10% maior que a do ano passado, graças à previsão de uma retomada na produtividade da soja, que enfrentou forte seca um ano atrás e agora tem a chance de passar de 14,58 milhões para 17,14 milhões de toneladas.
O primeiro levantamento que a Emater do Rio Grande do Sul divulgou sobre a safra de verão do estado, há uma semana, prevê expansão da área agrícola de 1,49%, o que implica em redução das pastagens. As lavouras devem somar 7,19 milhões de hectares no estado e render 27,65 milhões de toneladas de grãos, volume 2,8% maior que o do verão passado, o mais produtivo já registrado.
Os produtores estão capitalizados e farão investimento pesado em tecnologia de produção num ano de clima favorável, considera o presidente da Emater gaúcha, Lido de David. A soja ganha área 2,8% maior, com redução de 5,74% no plantio de milho e de 5,24% no de feijão. O arroz, concentrado no Sul, cresce 1,98%.
A expansão da soja, que vem testando áreas de várzea no Sul, deve ocorrer principalmente no Oeste e no Extremo Oeste, aponta o diretor técnico da instituição, Gervásio Paulus. No Oeste, as lavouras da oleaginosa dobraram de tamanho na última década. No Extremo Oeste, o plantio foi triplicado. Será a primeira vez que o estado semeia 5,13 milhões de hectares.
Reduzido a 876,3 mil hectares, o milho tende a render 4,8 milhões de toneladas, volume 11,6% menor. Essa projeção segue médias históricas e pode ser superada, devido ao investimento em novas variedades e à redução de áreas de baixa tecnologia, informam os técnicos.
Clima promete suavizar queda na produção de feijão
Se o clima ajudar, a produção de feijão do Paraná será 7% menor que a do verão passado, aponta o Departamento de Economia Rural (Deral). A projeção do órgão, ligado à Secretaria da Agricutlura e do Abastecimento (Seab), é de recuo de 14% na área dessa cultura, limitada a 203,9 mil hectares, índice em linha com a expectativa do mercado, que apontava para recuo entre 10% e 15%, conforme mostrou o Agronegócio na terça-feira da semana passada.
De acordo com o Deral, o motivo é claro: a queda acentuada nas cotações ao produtor. Houve recuo de 31% no preço médio do feijão preto e de 61% na do feijão de cor em um ano, na faixa de R$ 90 e de R$ 50 por saca, respectivamente. Será necessário clima bom para que a safra chegue a 375 mil toneladas.
Fonte: gazeta