Quarta-feira, 24 de setembro de 2014
Última Modificação: 05/11/2018 13:40:11
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Giuliano Ferreira da Costa Gobbo, presidente da comissão de Direito Imobiliário da OAB-PR
O registro eletrônico, que pretende padronizar e digitalizar a documentação dos cartórios, e as alterações tributárias no ramo imobiliário estão na pauta do II Seminário de Direito Imobiliário que a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) no Paraná promove hoje (24) e amanhã (25). Segundo o presidente da comissão do Direito Imobiliário da OAB-PR, Giuliano Ferreira da Costa Gobbo, a intenção é trazer as novidades e debater esses e outros assuntos que são importantes tanto para os advogados como profissionais que atuam no setor. Em entrevista à Gazeta do Povo, Gobbo comentou sobre os temas relacionados ao Direito Imobiliário.
O que há de novo na área do Direito Imobiliário?
Um fato novo é o registro imobiliário eletrônico. Ele está em início de implantação e teste em algumas localidades, mas ainda não temos muita informação a respeito do sistema e de como ele irá funcionar no Paraná. Ele é para ser um registro único, nacional, para que não haja mais disparidade na forma de registrar o imóvel. O objetivo, além da padronização, é trazer agilidade ao processo e trabalhar com documentos de forma digitalizada, sem a necessidade de arquivos físicos. Isso trará benefícios para quem irá usar o serviço e para o agente registrador.
Houve evolução em relação à tributação imobiliária nos últimos anos?
As alterações que tivemos na tributação foram para as incorporadoras. Quando a empresa institui o patrimônio de afetação do empreendimento [que destina os recursos arrecadados com a venda dos imóveis na planta para a construção do prédio], tem como benefício a redução do imposto de renda no momento da venda do imóvel. Para as construções de padrões mais elevados, por exemplo, a redução foi de 6% para 4%. Esta é uma contrapartida que o governo dá para que seja garantida a construção do empreendimento.
No que se refere à compra e venda, tivemos acréscimo no valor do Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis (ITBI) em Curitiba, que aumentou de 2% para 2,4%. Os imóveis que custam até R$ 30 mil não têm recolhimento deste imposto. Para os entre R$ 30 mil e R$ 80 mil a taxa é de 2%, e a partir de R$ 80 mil, de 2,4%.
O pacote de estímulo ao crédito anunciado pelo governo federal em agosto previa a simplificação da aquisição de imóveis com a centralização das informações em um único cartório. Há previsão para que esta medida entre em vigor? Como ela irá ocorrer?
Ela não está em vigor e não há previsão para que ocorra. Hoje, praticamente não há como fazer a centralização em um único cartório, pois os registros de imóveis são divididos em circunscrições, e não há como unificar isso. O que pode ter é uma central que concentre todos os dados, mas este é um processo complexo. Uma das grandes questões da central única seria a definição da instituição que iria geri-la, já que ela contaria com informações valiosas.
Que benefícios essa centralização trará?
Mais facilidade em alguns sentidos, como em uma ação judicial. Se você quiser saber se a pessoa executada em uma ação judicial tem um imóvel, não precisará fazer a busca em todos os cartórios de registro de imóveis. Se houver uma central única, ela terá informações do estado inteiro e até do país.
No que diz respeito à segurança jurídica para quem adquire um imóvel, quais foram as mudanças?
Não tivemos alterações na legislação. A segurança é e continuará sendo uma questão do comprador. Vemos no contencioso civil que existem pessoas que alegam não terem lido o contrato de compra e venda, principalmente devido à emoção de adquirir o primeiro imóvel. Há casos de outras que compram imóveis de terceiros sem solicitar a matrícula, que é sua certidão de nascimento. A segurança jurídica tem que começar por aí, em se saber exatamente o que se está comprando.
Fonte: gazeta