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Richa se reelege com 8,6% mais votos do que em 2010

Segunda-feira, 06 de outubro de 2014

Última Modificação: 05/11/2018 13:39:43


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O tucano foi escolhido por 3.301.322 eleitores, o equivalente a 56% dos votos válidos. Ao comentar a vitória e falar sobre os planos para o próximo mandato, ele declarou que “o melhor está por vir”

 

O governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), assegurou nesse domingo (5) a reeleição no primeiro turno, mesmo concorrendo com dois senadores da República dos maiores partidos do Brasil – Roberto Requião (PMDB) e Gleisi Hoffmann (PT).

O tucano foi escolhido por 3.301.322 eleitores, o equivalente a 55,67% dos votos válidos e venceu nas principais cidades do estado. Ao comentar a vitória e falar sobre os planos para o próximo mandato, ele declarou que “o melhor está por vir”.

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Richa conquistou 8,6% mais votos do que na eleição de 2010 (3.039.774), quando também venceu no primeiro turno. Os problemas financeiros enfrentados no primeiro mandato – como a falta de pagamento a fornecedores e de gasolina para abastecer veículos da PM – não devem se repetir, segundo o governador. “Posso assegurar que o melhor está por vir. Dediquei parte do meu tempo a pagar dívidas. Agora, as contas estão praticamente saneadas”, afirmou, na sede do Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR), onde atendeu à imprensa e comemorou a vitória.

Ainda não há, porém, indicação clara do caminho a ser seguido. “Vamos continuar assim: com muita austeridade e absoluto rigor na aplicação dos recursos públicos”, disse, em primeiro momento. Depois, questionado se o estado ainda passaria por algum ajuste fiscal, declarou que “a prioridade é investir no social”. “Nenhuma administração se justifica se não praticar ações para melhorar a vida das pessoas, em especial daquelas que mais precisam do poder público.”

Retomando o tom da campana, o tucano voltou a reclamar do que considera “discriminação” do governo federal na liberação de recursos para o Paraná. “Vamos intensificar as ações de políticas públicas e investimentos, já que tivemos dificuldades para sanear as contas e por perdemos muito tempo para liberar um empréstimo [da União], que só veio depois de determinação do Supremo Tribunal Federal”, atacou. Entretanto, disse que espera contar com a colaboração de Requião e Gleisi. “Quero cumprimentá-los pela campanha e espero contar com eles para ajudar o Paraná, afinal são senadores com mandato delegado pelo povo.”

Legitimidade

Apesar de a vitória em primeiro turno dar legitimidade à administração tucana, analistas ponderam que são necessárias mudanças na gestão do estado. “Há uma tendência nacional, que se confirmou no Paraná, de eleições mantenedoras. Isso mostrou que o eleitor não está tão insatisfeito quanto parece pela cobertura dos meios de comunicação”, observa o cientista político Emerson Cervi, professor da UFPR. Uma questão prática que vai modificar o governo, diz ele, é a acomodação de mais partidos e forças políticas na equipe. Richa foi reeleito com apoio de 17 partidos; em 2010, eram 14.

Cervi avalia que a vitória de Richa também é consequência do desempenho negativo dos candidatos de oposição. Mesma opinião temAntonio Gonçalves de Oliveira, professor do Mestrado em Mestrado em Planejamento e Governança Pública da UTFPR. “Cabe ao governador empenhar-se para promover um mandato muito melhor do que foi o primeiro, corrigindo falhas cometidas, as quais, pela falta de opção política, não chegaram a influenciar no resultado da atual eleição.”

Bancada

Oliveira acrescenta ainda que a nova composição da Assembleia Legislativa, com apoio maciço à Richa gera um “excesso” de governabilidade que pode ser ruim para o Paraná. “Para o governador, o lado bom é fazer tudo do jeito que projeta, mas também não há desculpa para não encaminhar os projetos. Para o povo é ruim, há falta dos pesos e contrapesos essenciais ao Estado Republicano. É quase que uma administração imperial.” Cervi, por sua vez, lembra que a tendência no Brasil é que o segundo mandato tenha avaliação pior que a do primeiro.

Como “soldado” do partido, Richa ainda não projeta futuro

Com a confirmação de que o candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves, disputará o segundo turno, Beto Richa disse que pretende se dedicar à campanha nacional. “Ainda não pensei a respeito, mas talvez mais pra frente eu me licencie para intensificar a campanha do Aécio aqui no estado”, afirmou. “Ele [Aécio] me garantiu que vai reconciliar o Brasil com o Paraná.”
O governador reeleito disse que se considera um “soldado” do partido e que ainda não tem planos para cargos futuros. “Nunca fui de me projetar para o futuro. Procuro desempenhar bem minhas funções para o cargo para o qual foi eleito. Aquele que se diz candidato de si geralmente está fadado ao insucesso. Sou um soldado do meu partido e cumpri com meu papel aqui no Paraná.”

Para o cientista político Geraldo Tadeu Monteiro, professor na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Richa ganha projeção nacional com a vitória em primeiro turno, mas sofre a “concorrência” de outras figuras dentro do PSDB. “A princípio ele continua tendo a sombra de Geraldo Alckmin e José Serra”. Além disso, analisa, é preciso “buscar” a liderança. “O Paraná é um estado importante e naturalmente o nome de Richa sai fortalecido. Mas, para se projetar nacionalmente, é preciso trabalhar para isso, tal qual Eduardo Campos fez, mesmo oriundo de um estado menos forte economicamente, que é Pernambuco.”

Superando o mestre

Apesar da falta de incentivo do pai, Beto Richa ingressou na vida pública para superar o próprio. Segundo mandato de governador é um feito que José Richa não conseguiu alcançar

Carlos Guimarães Filho

Carlos Alberto Richa (PSDB) ingressou na vida pública em 1994 quando eleito deputado estadual, apesar do contragosto do pai, o ex-governador José Richa (1934-2003). Posteriormente, continuou galgando cargos na política estadual. Foi reeleito em 1998; vice-prefeito de Curitiba, em 2000; prefeito da capital, em 2004 e 2008; e governador do estado, em 2010 e agora em 2014.

O atual governador aprendeu a fazer política em casa, com o pai e demais políticos que frequentavam a residência da família como Ulisses Guimarães [ex-deputado, ex-ministro e candidato a presidente em 1989] e Tancredo Neves [ex-presidente]. As advertências de que a “vida pública é muito difícil” não foram suficientes para que Beto optasse pela carreira de engenheiro civil, sua formação acadêmica.

E, parece que o ensinamento político foi bem assimilado, a ponto do discípulo superar o próprio mestre. O segundo mandato como governador do Paraná coloca o filho do meio de três irmãos em um patamar que o patriarca não conseguir alcançar. Nas eleições de 1990, José Richa tentou, sem sucesso, retornar ao cargo máximo do Executivo estadual, ocupado anteriormente em 1982. Na ocasião, ficou em terceiro colocado na disputa.

A reeleição de ontem para governador do Paraná tem ainda um gostinho especial para família. No longínquo ano de 1990, além do fraco desempenho nas urnas, o patriarca dos Richa assistiu Roberto Requião (PMDB) vencer o pleito após uma disputa acirrada com José Carlos Martinez (1948-2003), então candidato do PRN e apontado como favorito pelas pesquisas. Na época, o caso Ferreirinha, quando um suporto João Ferreira se identificou como matador de agricultores a serviço da família Martinez durante o horário político de Requião, foi fundamental para a derrota do candidato do PRN -- posteriormente, a Polícia Federal provou que Ferreirinha era apenas um ator. Passados 24 anos, a vitória de ontem ainda no primeiro turno por uma larga vantagem de votos eliminou as pretensões do senador de assumir o comando do Paraná pela quarta vez.

O segundo mandato como governador marca também o início da terceira década na vida pública de Beto, uma espécie de resposta aos ataques adversários de que nunca trabalhou e “acorda sempre depois das 11 horas da manhã”, frase proferida diversas vezes por Requião. Mais que isso, a reeleição alça o governador do Paraná ao hall dos nomes de peso do PSDB para eventuais disputas em âmbito nacional, apesar do mesmo renegar tais pretensões. A posição fica ainda mais evidente em função da proximidade com Aécio Neves, influente na cúpula do partido. “Eu vim para o Paraná pegar um pouco do mel de Beto Richa”, declarou o candidato a presidência na sua última passagem por Curitiba, dando ênfase a força de voto de Richa.

Casado e pai de três filhos, Beto terá os próximos quatro anos no comando do estado para reafirmar sua posição de bom administrador antes de qualquer pretensão nacional. O período é necessário para apagar eventuais rusgas da última gestão quando enfrentou a falta de dinheiro nos cofres públicos, o que desencadeou problemas como carros da polícia sem gasolina, racionamento na alimentação dos cães da mesma corporação e inúmeros rebeliões pelo estado, entre outros.

Além dos cuidados com o estado, o governador tem outra tarefa paralela: acompanhar a carreira política do filho mais velho, Marcello, 28 anos. Assim como José Richa, Beto desencorajou o herdeiro, sem sucesso. Marcello já ocupou o cargo de secretário de Esportes de Curitiba na gestão de Luciano Ducci (PSB) e participou diretamente da campanha de Beto para reeleição para governador. No momento, a lei impossibilita que Marcello dispute cargos no estado governado pelo próprio pai. Porém, talvez para desgosto de duas gerações da família Richa, ele gosta de política e parece que quer fazer carreira na vida pública.

Beto Richa se reelegeu pela Coligação Todos Pelo Paraná, formada pelo PSDB, PROS, DEM, PSB, PSD, PTB, PP, PPS, PSC, PR, SD, PSL, PSDC, PMN, PHS, PEN e PTdoB. A deputada federal Cida Borghetti (PROS) foi eleita vice-governadora do Paraná.

Fonte: gazeta

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