Quinta-feira, 16 de outubro de 2014
Última Modificação: 05/11/2018 13:38:49
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Crescimento de nicho no país estimula criação de produtos e serviços em modelos empresarais inovadores
Um promissor mercado de R$ 40 milhões estimados para este ano, de acordo dados da consultoria Euromonitor, foi um bom motivo para transformar seis completos desconhecidos em sócios de uma nova empresa, voltada para a alimentação saudável.
Entre estudantes e profissionais das áreas de engenharia, alimentos, administração de empresas, gestão empresarial, design e farmácia, a equipe GrowUp venceu a maratona Startup Foods, promovida pelo Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade (IBQP) e patrocinada pela Nutrimental, no fim do mês de setembro. Depois de 54 horas de trabalho, o grupo defendeu a criação de uma papinha instantânea para crianças até 24 meses, elaborada com ingredientes orgânicos.
Outras finalistas
Além da equipe GrowUp, outras duas foram classificadas, a Dona Elvira e o Pomar de Bolso. Dona Elvira é um app para identificar, por meio do código de barras, substâncias que podem ser prejudiciais a portadores de alergia ou restrições alimentares. O Pomar de Bolso propõe a venda de porções de frutas picadas, higienizadas e embaladas, prontas para o consumo.
No total, 130 participantes formaram 14 grupos que receberam mentoria de seis especialistas para transformar uma ideia inovadora em um novo produto ou serviço na área de alimentação. “As maratonas temáticas são bem produtivas porque direcionam as soluções e trabalham com perspectivas de mercado”, observa o professor André Telles, um dos mentores do evento.
Os grupos foram formados de forma aleatória. A administradora de empresas Fernanda Kotzias Feuerschuette, de 38 anos, fez a inscrição sem pretensões e nenhum projeto anteriormente concebido. “Estou retornando ao mercado de trabalho depois da maternidade. A curiosidade me motivou e o saldo foi muito positivo”, diz a integrante do GrowUp. Fernanda conta que o grupo discutiu muitas ideias diferentes por 24 horas. Ao definir a proposta, que aliava praticidade à oferta de alimentação saudável para crianças, o desafio por montar o modelo de negócio e treinar a defesa do projeto nos pitchs finais (apresentações de três minutos) para conquistar a banca de jurados.
Experiência de gestão
Para Telles, o exercício de planejamento da gestão do negócio é uma parte importante da maratona. Além de mediar os conflitos dentro da equipe, o monitor orienta a formatação da ideia em negócio.
“Boas ideias precisam de modelos viáveis, com consistência. E o profissional de programação precisa desenvolver essa habilidade, de enxergar o negócio. Ferramentas, como o Canvas, ajudam a formatar esses projetos”, diz. Ainda durante o evento, as equipes estabeleceram público, valor de mercado, receita, custos e investimentos. E a defesa diante dos jurados também faz parte do treinamento para enfrentar o mercado. “Eles aprendem a extrair o melhor de suas ideias e convencer a banca”, diz.
Na maratona, a seleção valia três meses de consultoria do IBPQ para estruturar a empresa. No mercado, pode valer um investimento para deslanchar o negócio.
Modelo de maratona é inédito na América Latina
Envolvido com o desenvolvimento de negócios inovadores e de alto impacto, o empresário Rodrigo Rocha Loures, presidente do Conselho do Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade (IBQP) e fundador da Nutrimental, ficou entusiasmado com o resultado da maratona Startup Foods. “Temos a inovação aberta na bagagem da Nutrimental, em que a parceria com micro empreendedores é estimulada”, diz.
Atento ao crescimento do nicho de alimentação saudável, Rocha Loures decidiu apostar em um evento que fomentasse ideias no segmento. “Com esse modelo amplo, que avalia qualquer proposta na área, o resultado é mais rico. Esse formato é inédito na América Latina e vamos reproduzir em outras praças”, avalia o empresário, que também participa do conselho de Inovação da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
O desafio das startups formadas no evento é desenvolver questões de produção, logística, comunicação e vendas, e para isso serão acompanhadas pelos consultores do IBQP. A partir da evolução de cada um, os empreendedores poderão levar suas propostas ao mercado nacional, durante evento do segmento atacadista, em São Paulo. “Todos terão total autonomia para negociar suas parcerias, de forma isolada ou compartilhada”, diz.
Fonte: Gazeta