Segunda-feira, 17 de novembro de 2014
Última Modificação: 05/11/2018 13:35:57
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Tendência de fugir do médico faz com que eles vivam de seis a oito anos menos do que as mulheres
Passado o mês que pintou de rosa os prédios públicos e as propagandas em todo o país, as campanhas de saúde mudam de cor – o azul – em novembro para tratar da prevenção ao câncer de próstata. Seria simples evitar doenças como essa não fosse um outro fator relacionado ao gênero masculino: a tendência de fugir do médico. Em outras questões de saúde, como impotência, problema cardíaco ou depressão, a resistência deles em pedir ajuda também retarda diagnósticos e tratamentos.
“Não é à toa que os homens têm uma expectativa de vida de seis a oito anos mais curta que a das mulheres. Eles se cuidam menos, vão menos ao médico, fazem menos exames. Muitos acham que não são suscetíveis ou têm o corpo fechado”, explica a psicóloga Helena Beatriz Finimundi Balbinotti, autora do livro O Que os Homens Não Pensam.
Não admitir fraqueza, segundo a psicóloga, é um dos fatores que os mantêm longe dos consultórios. Levantamento realizado em junho deste ano em sete cidades do país pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) comprova que 51% deles não costumam ir ao urologista com regularidade.A pesquisa realizada com 3,5 mil homens acima dos 40 anos mostrou ainda que 76% não conhecem os sintomas do câncer de próstata. Por causa dessa resistência, familiares e amigos têm um papel fundamental: 90% dos pacientes vão ao consultório levados pela companheira, segundo a SBU.
Apesar da síndrome de super-homem, eles não possuem o corpo tão fechado assim. No Brasil, o câncer de próstata é o segundo fator que mais mata os homens, ficando atrás apenas do câncer de pulmão. Doenças cardiovasculares, alcoolismo e tabagismo também são mais incidentes no público masculino do que no feminino.
Somente na idade avançada – quando os problemas aparecem com mais frequência – é que muitos deles se abrem para receber ajuda. Em contraposição, segundo Helena, a busca crescente por cirurgias plásticas e estratégias que ajudem a melhorar o vigor físico (como o sucesso de vendas do Viagra, por exemplo) são indicativos de que prolongar a juventude é uma prioridade dos machosalfa. Para quem persegue esse ideal, ela recomenda outra estratégia. “Falar sobre as emoções ajuda a driblar as fraquezas com sabedoria. Quando consegue dominar aquilo que lhe assusta, o homem se torna um excelente paciente. Deixa de ficar vulnerável e aprende a driblar seus temores”.
Medo da impotência sexual afasta público masculino dos consultórios
Assim como o exame de toque, a impotência sexual assombra o imaginário da maioria dos homens brasileiros. Muitos preferem sequer pensar sobre a possibilidade. Se por motivos orgânicos ou psicológicos ela aparece, a maioria demora cerca de cinco anos até procurar ajuda, segundo estatísticas do andrologista Sergio Iankowski Santos, autor do livro Ereção e Falha – Falhou, por quê? e integrante da Sociedade Brasileira de Andrologia. Medo, vergonha ou preconceito são razões pelas quais os homens costumam evitar os consultórios.
Quando vai tratar pacientes com questões associadas à disfunção erétil, Santos costuma encontrar outros problemas, como diabetes ou doenças cardíacas, por exemplo. “A saúde geral de um indivíduo sempre repercute sobre a sua saúde sexual”, diz. O drama de fracassar sexualmente é tão grande para um homem que, em muitos casos, está associado a causas de depressão e suicídio.
Por isso, para manter uma vida sexual saudável, é preciso levar em conta todos os demais aspectos do bem-estar físico e do psicológico. Prevenir o câncer de próstata por meio do exame do toque ou mesmo ecografia abdominal e o exame do PSA são formas de preservar a performance. É quase como enfrentar um medo pela ameaça de outro. “A cirurgia do câncer de próstata é uma das causas de impotência. Prevenir esse tipo de câncer é zelar pela sua saúde sexual”, complementa.
Fonte: Gazeta