Segunda-feira, 08 de dezembro de 2014
Última Modificação: 05/11/2018 13:32:39
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Dispositivos como o gerador de neblina surgem como forma de inibir a ação criminosa que avança no país
Falta de segurança e tecnologia ineficiente contribuem para uma verdadeira explosão de crimes em agências bancárias e postos de saques rápidos em todo o país. Enquanto a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) afirma que investiu no ano passado R$ 2 bilhões em segurança, especialistas e representantes da categoria dos bancários atestam que os mecanismos de segurança nos caixas ainda não são suficientes.
Somente no Paraná, cerca de 500 arrombamentos foram registrados até novembro de 2014. E o número não para de crescer. O dispositivo que mancha as notas de rosa e inutiliza as cédulas não se mostra eficiente. Segundo o delegado do Comando de Operações Especiais (Cope) da Polícia Civil, Luiz Alberto Cartaxo Moura, a maioria dos caixas não dispõe da tecnologia ou não tem funcionado bem. Para Reginaldo Cavalcanti, do Sindicato dos Bancários de Curitiba, os aparatos tecnológicos têm contribuído para reduzir os crimes. “Os bancos alegam que investem nisso, mas não vemos resultados”.
Soluções
Alguns investimentos em novos equipamentos surgem como alternativas para inibir a prática dos criminosos. Uma das formas é alterar o procedimento de saque, que começaria no celular do próprio cliente. e terminaria no caixa pela autenticação via código de barras e senha pessoal. Outro seria investir em reconhecimento facial do usuário.
Uma terceira alternativa já está sendo realizada no Brasil. Trata-se de um dispositivo que gera neblina no ambiente em que o caixa é atacado. A Caixa Econômica Federal, por exemplo, já possui 600 agências com o mecanismo funcionando – todas nos estados de São Paulo, Minas Gerais e Brasília. Até o ano que vem mais 1,1 mil agências devem receber o investimento.
Segundo Rogério Camargo, diretor presidente da AlarmTek, empresa que desenvolveu a tecnologia para a Caixa, é instalada uma rede de sensores pela agência que detecta a invasão. Quando isso acontece, demora menos de um segundo para que a central de controle acione o dispositivo que libera a fumaça. A névoa é formada por partículas de glicol, substância inofensiva para os humanos.
“O objetivo é impedir o ataque. O que não se pode ver não pode roubar. Com a neblina, a visibilidade reduz-se a zero”, explica. A dispersão da fumaça leva 30 minutos, sem desativar o sistema de alarme. “Dá tempo de as forças policiais chegarem”, diz ele.
A Febraban afirma que o setor bancário “investe pesadamente em estudos para identificar as melhores soluções, e que a experiência brasileira tem sido pioneira na área, uma delas a implantação do cartões com chip, vista com bons olhos por bancos estrangeiros”.
Bancos cobram rigor no combate às quadrilhas
A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) informa, por meio da assessoria de imprensa, que o dano das explosões força as instituições financeiras a reformarem os locais e a reporem os equipamentos danificados, sem reaproveitamento de peças ou maquinário. “Esse prejuízo não é somente da rede bancária, mas de toda a população que depende do serviço”.
A Federação alega que a ação de segurança permitida pela legislação é insuficiente frente à violência empregada. “É necessário combater as causas desses crimes. Em primeiro lugar, impedindo que os bandidos tenham acesso fácil a explosivos, como vem acontecendo há três anos. Em segundo lugar, desbaratando as quadrilhas, o que se faz com ações de inteligência. Em terceiro lugar, dificultando o acesso dos bandidos ao produto do crime”, diz.
Fonte: Gazeta