Quarta-feira, 08 de abril de 2015
Última Modificação: 05/11/2018 13:28:12
Ouvir matéria
Muito popular no início da década, o segmento de compras coletivas está redefinido e busca se consolidar com um novo modelo de negócio, uma espécie de catálogo virtual de promoções locais. O crescimento das vendas feitas via smartphones acelera esse processo, que reduziu o ramo a praticamente dois sites – Peixe Urbano e Groupon –, com forte aposta na plataforma móvel.
As mudanças foram tantas que o próprio conceito de compras coletivas perdeu o sentido, já que não há mais necessidade de número mínimo de compradores para validar uma oferta. Em vez disso, os sites trabalham com quantidade máxima de adquirentes, respeitando a capacidade de atendimento do comércio responsável pelo produto ou serviço.
“Percebemos que havia demanda de pequenos e médios empresários que gostariam de divulgar seu negócio, mas que não queriam ou não tinham capacidade para vender grande quantidade de vouchers. A mudança no modelo permitiu a absorção desses novos parceiros”, explica o vice-presidente comercial do Groupon Brasil, João Pedro Serra, em entrevista por e-mail.
Outras premissas marcantes desse comércio deixaram de existir, como o limite de uma oferta diária e o prazo reduzido, de 24 a 72 horas, para comprá-la. “Isso gerava tráfego muito grande de clientes ao mesmo tempo e criava dificuldades para que os estabelecimentos os atendessem. Não era bom para ninguém”, diz a diretora de Comunicação Corporativa do Peixe Urbano, Letícia Leite. O site tem cerca de 5 mil ofertas, com validade média de três meses.
Letícia afirma que a antiga estrutura se refletiu em experiências ruins para um conjunto de usuários, o que acabou “manchando a imagem do setor”. Isso é retratado em uma pesquisa feita em janeiro pelo SPC Brasil junto a consumidores do ramo: houve redução no ritmo de compras de 47% dos entrevistados e índice elevado (34%) de cupons não utilizados. Uma das dificuldades apontadas é a expiração do prazo de uso do voucher, o que indica precipitação do consumidor no ato da compra, na avaliação da economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti.
Esse tipo de situação exigiu soluções das empresas. O Peixe Urbano passou a oferecer um serviço gratuito de reembolso para quem faz a compra via aplicativo, que permite, até a data de vencimento do cupom, a devolução do dinheiro, em forma de crédito. Já o Groupon informa que, na mais recente mudança de layout, buscou deixar mais evidentes as regras das ofertas.
Depois das mudanças, as empresas passaram a atuar com mais força em três segmentos: ofertas locais, sobretudo de bares e restaurantes; viagens; e produtos diversos, como eletrônicos e objetos de decoração.
Na última semana, o Peixe Urbano disponibilizou cupons que partiam de R$ 0,05 em uma ação promocional pelos cinco anos do site. O voucher era válido principalmente para itens de bares e restaurantes, como chope e petiscos.
Nos dois sites, as ofertas locais não promocionais partem de preços que giram entre R$ 5 e R$ 10 e, para eletrônicos, podem chegar a R$ 4 mil.
Fonte: Gazeta