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Quinta-feira, 07 de maio de 2015

Última Modificação: 05/11/2018 13:26:20


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Mais do que compartilhar custos, nova geração de empreendedores quer dividir projetos, criatividade e resultados

A proposta é um banho de água fria na economia tradicional: empreendedores de diferentes segmentos compartilham o mesmo espaço, dividindo contas, tarefas administrativas, organização, trabalhos, ideias, projetos e resultados. A economia colaborativa envolve empreendimentos de áreas em que o conhecimento e a criatividade são os principais valores na construção de um novo produto ou serviço. A modalidade tem sido considerada uma das principais tendências econômicas do século 21, propondo a troca dos 4Ps (produto, praça, preço e promoção) pela metodologia 4D: financeiro solidário, social político, cultural simbólico e tecnoambiental.

 

As Casas Abertas são uma alternativa para viabilizar a estrutura para que toda essa troca ocorra e gere fluxo de negócios, mantendo próximos os atores do modelo que ganham escala exponencial em suas redes. Modelos de negócios baseados no compartilhamento têm alcançado resultados relevantes, como a plataforma Airbnb, de oferta de cômodos e imóveis por temporada. Também provocam mudanças e discussões sobre condutas convencionais das atividades, como foi o aplicativo Uber, de carona remunerada, que chegou a ser suspenso no país por uma liminar judicial, posteriormente revogada, a pedido dos motoristas de São Paulo. Ambos são exemplos da força da economia colaborativa, que movimentou US$ 110 bilhões em 2014, de acordo com a revistaForbes.

Experiências como a casa Laborosa, 89, em São Paulo, e outros espaços coletivos de prototipagem de projetos em Porto Alegre e Recife têm inspirado iniciativas em Curitiba. Depois de conhecer projetos semelhantes, em agosto de 2014, o advogado Filipe Küster voltou para a capital para replicar aqui o conceito do trabalho em rede. “A ideia é manter a catraca livre para receber quem está disposto a compartilhar e viver em rede, com o cuidado que essa experiência exige”, diz.

A iniciativa de Küster se alinhou à ação dos participantes do curso de Economia Criativa coordenado pela especialista Lala Deheinzelin no Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade (IBQP), que iniciaram um mapeamento de espaços com o DNA do modelo criativo e colaborativo em Curitiba. “Pelo menos 15 locais foram identificados como abertos, com diferentes vocações, que funcionam como coworkings, ateliês ou em modelos híbridos”, explica o empreendedor Henrique Cabral, fundador da Casa Base, dedicada à moda e arquitetura, que começa a funcionar em junho.

Uso sustentável

Para a engenheira mecânica Cláudia Valenzia, especializada em administração de empresas, a atividade colaborativa propõe o uso sustentável de recursos e estruturas, sejam físicos, financeiros, humanos ou de tempo. Além disso, a divisão de espaço e ideias dá a flexibilidade que o teste dos modelos de negócios criativos exige. Há tempo e espaço para errar e retomar o projeto, com as modificações sugeridas pelos parceiros.

“A modalidade se baseia no fato de que os recursos, mesmo abundantes, não são aproveitados de maneira adequada. Ao compartilhá-los em rede, há maior interação entre as pessoas, que não são limitadas por uma gestão centralizada”, explica Cláudia. “O ponto chave dessa modalidade é a transparência. Tudo é muito claro, dos custos de manutenção à participação de cada um no trabalho e na rotina”, completa Cabral.

 

Solimões, 541

O endereço do imóvel deu nome à casa, onde três residentes dividem espaço e projetos, mas muitos outros podem chegar para trabalhar e contribuir. Fundada pelo advogado Filipe Küster, entusiasta do modelo colaborativo, a Solimões, 541, abriga equipes de web designers, arquitetos e cozinheiros, que trabalham juntos em projetos compartilhados entre eles e outros empreendedores da rede.

A ideia tem a adesão – e o apoio financeiro – de 43 pessoas, que garantem R$ 2.350 dos R$ 3 mil necessários por mês para manutenção do espaço. Além disso, os residentes se dividem na organização diária, no melhor esquema: usou, limpou, guardou. “Viver em rede requer cuidado. É a máxima da convivência colaborativa”, diz Küster.

Compartilhamento

O uso rotativo dos espaços é agendado no site da casa e conta com o caráter colaborativo dos usuários, que não são obrigados a contribuir no sistema de autogestão que a casa se propõe, mas o fazem pela consciência do compartilhamento. “Aqui invertemos a lógica tradicional de que poucas pessoas com muito dinheiro fazem coisas grandiosas. Somos muita gente com pouca grana e fazemos bastante”, explica o advogado. (APF)

Fonte: Gazeta

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