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Com juros de 13,75% ao ano, alguns economistas acr

Segunda-feira, 08 de junho de 2015

Última Modificação: 05/11/2018 13:22:57


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Com juros de 13,75% ao ano, alguns economistas acreditam que os eventuais ganhos no controle de preços serão menores que as perdas na atividade econômica

Depois de seis altas seguidas, a taxa básica de juros alcançou na semana passada o maior nível desde o fim de 2008. E a maioria dos bancos e consultorias acredita que o Banco Central vai prosseguir com o aperto, levando a Selic além dos atuais 13,75% ao ano. Mas, para um número crescente de economistas, essa firmeza no combate à inflação – que contrasta com a condescendência do primeiro mandato de Dilma Rousseff – pode estar passando da conta.

 

Primeiro, porque o resultado é incerto. Mesmo que o juro chegue à casa dos 14%, muitos duvidam que o IPCA possa voltar à meta de 4,5% no ano que vem, conforme espera o BC – a última vez que o índice esteve nesse patamar foi em agosto de 2010. Segundo, porque a “pressa” em baixar a inflação pode estar impondo um sacrifício exagerado à já deprimida economia brasileira, com risco de estender a recessão para 2016.

Antes da última alta da Selic, economistas de bancos como o Bradesco e o Fator haviam defendido o fim da subida. Na quinta-feira (4), a consultoria britânica Capital Economics afirmou que se aproxima o momento em que os benefícios de novos aumentos da taxa serão menores que seus custos em termos de atividade econômica. Isso para não falar das contas públicas: o encarecimento da dívida vai consumir boa parte do dinheiro economizado com o ajuste fiscal.

Sem âncora

Desde a eleição presidencial, a Selic subiu de 11% para 13,75% ao ano. De lá para cá, o país entrou em recessão e o desemprego subiu de 6,8% para 8%. Todos os indicadores apontam para queda na demanda.

“esquizofrenia”

Há quem defenda que a inflação, hoje acima de 8% ao ano, possa se aproximar da meta em 2016, mas que o Banco Central se força a exagerar na dose dos juros para tentar dobrar a desconfiança do mercado financeiro. É o caso de Luiz Carlos Mendonça de Barros, que presidiu o BNDES durante o governo Fernando Henrique Cardoso. Em entrevista ao Valor Econômico na sexta-feira (5), ele disse que a luta do BC contra a “esquizofrenia” do mercado pode “aprofundar demais” o ajuste provocado pelos juros.

Mesmo assim, bancos e consultorias mantêm a aposta na inflação. A expectativa média para o IPCA em 2015, que era de 6,29% em setembro, agora está em 8,34%. E a perspectiva para 2016, antes em 5,5%, chegou a subir para 5,7% e semanas atrás retornou a 5,5% – um ponto acima do centro da meta, portanto. “Se o objetivo é ancorar as expectativas do mercado, o efeito da Selic tem sido muito lento, muito pequeno. Estamos pagando um preço alto pelo fato de a política monetária não ter sido bem calibrada lá atrás, quando o Banco Central baixou os juros mesmo com a inflação acima da meta”, diz Waldery Rodrigues Junior, professor do Ibmec/DF.

Credibilidade

“O Banco Central está atuando mais para tentar resgatar sua credibilidade junto aos agentes econômicos, porque no momento não há inflação de demanda a se combater”, avalia Pedro Jucá Maciel, assessor de assuntos econômicos do Senado.

Ele observa que, como a economia brasileira ainda é muito indexada, a inflação tem uma persistência muito grande. Muitos contratos são corrigidos por índices de preços, o que torna difícil a tarefa de baixar o IPCA de mais de 8% para menos de 5% de um ano para o outro. “Não é a circunstância ideal para tentar uma convergência rápida para o centro da meta”, diz.

Fonte: gazeta

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