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historia

Mitologia ajuda a tirar ensino indígena do papel

Terça-feira, 02 de fevereiro de 2016

Última Modificação: 04/01/2017 16:38:48


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Eros, o Cupido, certo dia misturou suas flechas às de Tânatos, deus da morte. O mito grego inspirou parte importante da filosofia de Sigmund Freud que, por sua vez, ditou muito da forma como o Ocidente enxerga a si mesmo. Mais próximos e menos conhecidos, os mitos indígenas podem ser uma ponte para conhecer a história brasileira. Seu ensino pode ajudar na hora de tirar do papel a lei que tornou o ensino da cultura indígena obrigatório no país.

A escola brasileira já trabalha com referências a indígenas –o “dia do índio”, em que as crianças pintam o rosto, por exemplo. Mas para estudiosos do tema, está visão tem mais a ver com estereótipos do que com a cultura indígena em si. “Nós temos um olhar muito fetichista, de pureza. O indígena tem que morar no mato, ficar nu. Se usa camisa já não é indígena”, avalia o historiador Mateus Buffone.

A antropologia contemporânea propõe estudar os indígenas a partir do ponto de vista destas populações sobre o mundo. É onde entram os mitos. Saber que, na tradição dos Guaianás (“antepassados” dos atuais Kaingang) o mundo foi criado pelos irmãos Kamé e Kanhru ajuda a entender como estes povos veem o mundo de forma dualista, sempre entre dois opostos. O que é similar à tradição ocidental cristã, explica o produtor cultural do Museu de Arqueologia e Etnografia da Universidade Federal do Paraná (MAE), Fábio Marcolino.

“Muitos mitos começam com ‘no princípio, todos os animais falavam’ [por exemplo] e a ideia do ‘perspectivismo ameríndio’ é tentar entender esta lógica: por que eles começam assim?”, explica Mário Geraldo Rocha da Fonseca.

O diálogo com os animais e outros seres vivos mostra a “transgressão de fronteiras” que não se misturam na tradição cristã. Se uma pessoa consome alimentos associados à onça (como o tabaco) pode adquirir capacidades deste animal. Para livrar a tribo de uma doença, os Xamãs negociam os causadores destas doenças para libertar a alma do doente.

Em seu pós-doutorado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Fonseca preparou uma cartilha para professores dos ensinos fundamental e médio. Ele propõe trabalhar a partir dos “preconceitos”, ou seja, aquilo que o estudante já conhece sobre a cultura indígena, para então mostrar semelhanças com o dia a dia do aluno. Vencida esta etapa, o professor deve fazer o caminho contrário: o de apontar as diferenças nas tradições de cada cultura.

Fonte: gazeta

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