Terça-feira, 15 de março de 2016
Última Modificação: 04/01/2017 16:38:27
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Embora na prática seja a maior beneficiada pelo impacto dos protestos de rua dentro do Congresso Nacional, a oposição não conseguiu de fato “entrar” nas manifestações de domingo (13). Ganhou aplausos, mas também enfrentou hostilidade.
Ninguém da oposição discursou em cima de caminhão de som, com exceção do deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ), em Brasília, ovacionado por um grupo minoritário vestido com a camiseta “Bolsonaro, presidente”. Mesmo assim, Bolsonaro só pôde subir no ‘palanque’ ao fim do ato, quando os organizadores já tinham se despedido da multidão.
Para o doutor em Ciência Política pela UnB Leonardo Barreto, a oposição “viu o bonde saindo e avaliou, de forma equivocada, que precisava embarcar nele”. “Nos protestos de 2013, já havia a agenda anti-política. Não havia uma identificação, por parte da população, de uma ala virtuosa na política. Esse traço de 2013 ainda está presente nas manifestações de agora”, descreve Barreto.
O especialista também chama a atenção para um fato aparentemente contraditório: os próprios coordenadores dos movimentos de rua, como o Vem pra Rua e o Movimento Brasil Livre (MBL), passaram a cobrar a participação efetiva das lideranças de oposição. Mas, para Barreto, os coordenadores não representam de fato os manifestantes. “São pessoas que organizam o aparato, a estrutura e marcam a data. Não são líderes políticos. As manifestações têm essa característica: são movimentos espontâneos, não são puxados por líderes.”
Em 2015, a oposição acompanhou a distância as manifestações, com apoios tímidos ou indiretos nas redes sociais. A partir deste ano, os coordenadores dos movimentos passaram a fazer reuniões com a oposição. Mas a decisão final, de “dar às caras” nas manifestações, inclusive fazendo convocações para as passeatas, foi anunciada por líderes do PSDB, DEM, PPS e SD somente no fim de fevereiro, no mesmo dia em que o marqueteiro do PT João Santana era preso na Lava Jato
Fonte: gazeta