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fatores de risco

No limite do colesterol

Sexta-feira, 05 de abril de 2013

Última Modificação: 05/11/2018 14:10:23


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Taxas de gordura no organismo consideradas não saudáveis devem ser revistas nos EUA para evitar o uso desnecessário de remédios

O seu colesterol anda alto? Em breve, há chances de que os parâmetros usados para essa resposta mudem e um índice hoje considerado de risco passe a causar menos preocupação em médicos e pacientes. Está em pauta nos Estados Unidos uma discussão que pretende revisar as diretrizes a respeito das taxas do mau colesterol consideradas seguras – vistas como muito rígidas por alguns cardiologistas americanos. A mudança pode influenciar outros países, inclusive o Brasil.

No fim deste ano, é esperado que o US National Heart, Lung and Blood Institute, órgão estatal responsável pela prevenção, controle e pesqui­sa na área, lance o ATP IV, um conjunto de diretrizes que deve rever o posicionamento do último manual, que baixou consideravelmente os parâmetros. O principal objetivo é evitar a medicação exagerada e o uso desnecessário de remédios por quem tem uma taxa um pouco acima do limite.

Queda

Ao longo dos últimos 25 anos, os parâmetros têm caído cada vez mais. Em 1988, quando foi lançado o ATP I, o limite do colesterol considerado seguro era de até 130 mg/dl (miligrama por decilitro de sangue). Em 2002, a taxa passou para 100 mg/dl e, na última revisão, para 70 mg/dl. Com a linha de corte cada vez mais rigorosa e para estar perto do parâmetro ideal, muitos pacientes passaram a tomar estatinas, o medicamento mais vendido no mundo hoje. O receio é de que os médicos tenham se tornado reféns dos números.

Isso porque há estudos que comprovam que as estatinas ajudam a diminuir o colesterol no caso de quem tem fatores de risco, como histórico de infarto na família, fumar ou ser sedentário, mas fazem pouca diferença quando a taxa está um pouco acima do ideal e os fatores estão controlados. Em outras palavras, nem sempre uma taxa um pouco acima é sinal de perigo. Um estudo da Universidade da Califórnia mostrou que 75% das pessoas internadas após um infarto tinham taxas normais de LDL, o mau colesterol.

“O fato de haver um afrouxamento desses índices não significa que eles serão desprezados. Mas outros critérios devem ter maior atenção do que hoje. A questão é que estes números são a única coisa mensurável, ao contrário dos exercícios físicos e da alimentação, então, eles adquirem uma importância absoluta”, explica o assessor médico dos laboratórios Frischamann e ph.D em Endocrinologia Pe­driátrica, Fabiano Sandrini.

Uso de estatinas é visto com ressalvas

Para quem toma remédios e não consegue baixar o LDL a um nível considerado ideal, a recomendação dos especialistas é evitar o pânico, pois aumentar a dose pode ser mais prejudicial do que continuar com a prescrição atual. Isso porque as estatinas têm efeitos colaterais, como a destruição de células do músculo. E não há, segundo eles, estudos que comprovem que, quanto mais se toma o remédio, mais benefício haverá.

“A pergunta que deve ser feita é: Até que ponto vale insistir nesses índices e comprometer a qualidade de vida do paciente com remédios que causam dores?”, questiona o patologista clínico dos laboratórios Frischmann Emílio Granato, que defende como ideal o LDL abaixo de 100 mg/dl, com uma investigação aprofundada em casos limítrofes.

O cirurgião cardiovascular e diretor clínico dos hospitais Vita, Luiz Fernando Kubrusly, explica que o remédio comprovadamente atua sobre fatores de risco, como inflamações nas artérias, e em casos de LDL muito alto, mas não traz benefícios comprovados em casos menos graves. “Há quem defenda colocar estatina na água para prevenir infarto ou aumentar a dose para chegar ao nível ideal, mas não há comprovação de que isso tenha efeito”, diz.

O médico diz que é preciso ser crítico em rela­­ção aos índices, pois qualquer mudança tem impacto no mercado. Atualmente, conforme a revista americana Na­­tu­­re, vários laboratórios trabalham para criar medicamentos que abaixem ainda mais os níveis. “Qualquer nova dire­­triz que diminua os índices cria um novo grupo de pessoas que passam a fazer parte do grupo de risco e potenciais consumidores do remédio.”

Fonte: gazeta

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